O invisível não é mais o que não se vê. E sim o q se imprime como imagem. ... O inútil ocupa nossas vidas. Que intenção tem? Na fluidez de movimentos previsíveis a linguagem da sedução barata. Vende-se a insensibilidade de um tempo. Pouco importa se falta ou não sentido a semideuses da beleza. O grande esforço é estar nas imagens. A sua única certeza é a de ser bonita, sedutora e, se necessário, até vulgar. Como fantoches sabem servir a qualquer imagem. Não imagens de sonhos, mas uma conexão específica com a ordem. Uma ordem que interessa aos negócios, ao capital e ao poder, pois vende não um país sofrido, mas belo, sensual e colorido. Pensar em uma imagem vazia é o mesmo que olhar e não ver. Tocar e não sentir. Tudo nos faz lembrar a TV que acaba sendo o ponto final de vidas sem ideias, sonhos ou paixões. Onde a falta de sentido dá solidez e essência a uma sociedade sem imagem ou verdade. Ou seja já não importa mais o tempo, o sonho ou a imagem. A beleza foi definitivamente substituída pela imobilidade. Apenas obedecemos a repetição, o desconforto, a manipulação. Ainda sim, tentamos dar um sentido ao olhar a não ação de belas mulheres. Belas mulheres ou belas imagens? Mas uma imagem não foi sempre alguma coisa além do olhar? Expresso conceitos vagos. Ela segue essencializando a não vida, o não tempo, a não magia. Artificial, as imagens existem e se multiplicam. Todos os dias uma exaustão de desassossegos coloridos ou não. Constata-se, então, uma constante renúncia da palavra pensada.
E a escuta? E a alma? E a troca? No que não existe sensação possível há profundezas substituída pelo silêncio. Vaga-se da sombra para o sofrimento e de lá para o esquecimento (?). Oculta, meio oculta ou exposta, lá está ela: inútil e imóvel. E na ilusão do tempo vivido, aflições e vaidades próximas, mas distantes. O absurdo como exteriorização do olhar. Olha-se, então, o espaço dado à beleza, ou as imagems sem expressão de um só movimento: o da sedução. E então os espaços da imagem sempre um inútil. As ruínas e o absurdo. Desperdiça-se caminhos, tempos, encontros e sentimentos ainda sim elas se negam a falar.
Os dias se repetem e sempre a espera, a angústia, o trabalho empobrecedor, frustração. E nada muda. Os dias só tem conexão com o explicitamente mecânico e sem substância. Ainda ontem eles tentavam disfarçar que o mundo poderia ser diferente e melhor. Não conseguiram. Esqueceram-se do desejo e do tempo. Esqueceram-se de um princípio fundamental que é o do prazer. E no que conseguiram esvaziar com tudo e todos aí temos a gravidade de um tempo menor. Então o acordar, o trabalhar, o esperar a merda dos políticos e o dormir sem sonhar. Anos e anos assim. E se a vida se tornou vazia de sentido quem sabe, então, o infinito? Mas como se posicionar nele? Continuamos convivendo com a merda, a miséria e a mentira dos homens públicos. Segue não existindo limites para a brutalidade e o horror. Internamente não nos movemos. Apenas experiência para o não sonho, vivemos uma não existência. Fizemos com a vida um exercício menor de objetividades. Sem sensações passamos por momentos, dias, anos e décadas.
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