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quarta-feira, 7 de março de 2018

Evangélicos e seu des-serviço aos povos tradicionais:

"Em uma das cenas, Perpera é questionado sobre a possibilidade de voltar a ser pajé. Ele responde que essa chance não existe. "Depois que o pastor disse que pajés são do inferno, ninguém falava comigo. Eles me ignoravam", afirma, no trecho do filme. "Só voltaram a falar comigo depois que eu fui à igreja." "

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Sob 'cerco' evangélico, pajés evitam rituais tradicionais indígenas

Diego Toledo
24.02.2018



Fonte:
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2018/02/24/sob-cerco-evangelico-pajes-evitam-rituais-tradicionais-indigenas.htm

sábado, 20 de janeiro de 2018

Questão indígena: "Nossa Identidade não é sua Fantasia"

"Você pode apreciar/gostar/admirar outras culturas sem tentar usá-las como fantasias ou torná-las vendáveis para A SUA GENTE. Se você não foi convidado pelo coletivo a usar e a fazer parte de tal ritual, vamos ser justos e conhecer os limites."

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""Nossa Identidade não é sua Fantasia"

De forma bem respeitosa, irei dizer por que me sentir constrangida na minha primeira experiência no carnaval ano passado. Seguindo blocos na rua de BH fui varias vezes indagada, com perguntas carregadas de estereotipo e de modismo,sobre as minhas pinturas a minha identidade,que não é só minha é do meu povo,que naquele momento ficava invisível e se perdia ao meio a outras pessoas que usava nossas pinturas,cocares como fantasia de carnaval. 

• Usar vestimentas que carregam significados profundos do que simplesmente "ser uma vestimenta" ou "ser uma fantasia". Principalmente (mas não somente) se você tentar pegar essas roupas e usá-las fora de contexto (ex. usá-las como fantasias de Halloween ou Carnaval).
•Tentar imitar a "identidade"; o que carrega profundo significado cultural indígena, bem como algumas pinturas corporais, cocares, dentre outros, elementos  que  "marcam"pode ser considerado reapropriação cultural.
• Pegar rituais, tradições antigas e danças tradicionais, todas com significado cultural, e transformá-las em fantasia, sem entender seu sentido profundo, só para que você tenha sua diversão e fantasia glamorosa. Qualquer tentativa de modificar tais tradições, torna- las "moda" ou "vendáveis" para os padrões não indígena-ocidentais, bem como se apropriar delas se pessoas dessas culturas antes declararam que isso seria ofensivo, é considerada apropriação cultural.

E por que isso é ofensivo? Porque na nossa sociedade, pessoas não indígena, podem se utilizar de elementos ou identidades de outras culturas e isso será visto como “fofo”, “moda”. mas, no momento em que uma pessoa indígena  que é parte daquela cultura resolve exigir para si o direito de usar vestimentas da nossa cultura, de falar sua língua, de praticar rituais, danças ou costumes da nossa tradição cultura,muitas vezes somos discriminados,teremos que aguentar piadinhas (estereotipadas), terá de aguentar críticas ferrenhas por ser vista como estranha,"exotica",vamos ser motivo de riso,ate sofrer agressões físicas,psicológicas,emocionais e, dependendo do lugar e de com quem esbarremos, poderemos até ser morto,como caso de Galdino Pataxó em memória.

Tentar invisibilizar a existência de outras culturas é apagar a identidade dos membros que dessas culturas fazem parte. Você pode apreciar/gostar/admirar outras culturas sem tentar usá-las como fantasias ou torná-las vendáveis para A SUA GENTE. Se você não foi convidado pelo coletivo a usar e a fazer parte de tal ritual, vamos ser justos e conhecer os limites.Sempre existirão aquelas pessoas que vão sair com um "Mas meu amigo chinês não liga se eu fizer!” e “Eu sou indígena e não ligo se as pessoas” mas lembre-se sempre que uma ou uma pessoas não podem falar por todas as pessoas de uma cultura, e não é somente porque um membro não se importam que outras pessoas que fazem parte dessas culturas não se importarão.
Tsitsina Xavante, Edgar Corrêa Kanaykõ, Valdelice Veron, Flávia Xakriabá, Benício Pitaguary, Luana Kaingang da Silva, Luana Kumaruara, Adriana Rocha, Amanda Jardim,Dinamam Tuxá, Luiz Henrique Eloy, Sonia Bone Guajajara, Weibe Tapeba."


Fonte: Facebook "Célia Xakriabá Mindã Ninthê"
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=705616152931593&id=100004496437989

domingo, 19 de julho de 2015

Tribo amazônica cria enciclopédia de medicina tradicional com 500 páginas

Tribo amazônica cria enciclopédia de medicina tradicional com 500 páginas


13 de julho de 2015

Em uma das grandes tragédias da nossa era, tradições, histórias, culturas e conhecimentos indígenas estão desfalecendo em todo o mundo.  Línguas inteiras e mitologias estão desaparecendo e, em alguns casos, até mesmo grupos indígenas inteiros estão em processo de extinção.  Isto é o que chama a atenção para uma tribo na Amazônia – o povo Matsés do Brasil e do Peru –, que criou uma enciclopédia de 500 páginas para que sua medicina tradicional seja ainda mais notável.  A enciclopédia, compilada por cinco xamãs com a ajuda do grupo de conservação Acaté, detalha cada planta utilizada pelos Matsés como remédio para curar uma enorme variedade de doenças.
O xamã Matsés chamado Cesar. Foto: cortesia da Acaté
“A [Enciclopédia de Medicina Tradicional Matsés] marca a primeira vez que xamãs de uma tribo da Amazônia criaram uma transcrição total e completa de seu conhecimento medicinal, escrito em sua própria língua e com suas palavras”, disse Christopher Herndon, presidente e co-fundador da Acaté, em uma entrevista para o Mongabay (na íntegra abaixo).
Os Matsés imprimiram sua enciclopédia só em sua língua nativa para garantir que o conhecimento medicinal não seja roubado por empresas ou pesquisadores, como já aconteceu no passado. Em vez disso, a enciclopédia pretende ser um guia para a formação de jovens xamãs, para que eles possam obter o conhecimento dos xamãs que viveram antes deles.
“Um dos mais renomados e antigos curandeiros Matsés morreu antes de que seu conhecimento pudesse ser transmitido, então o momento era este. A Acaté e a liderança Matsés decidiram priorizar a enciclopédia antes de perder mais anciãos e seus conhecimentos ancestrais”, disse Herndon.
A Acaté também iniciou um programa para conectar os demais xamãs Matsés com jovens estudantes. Através deste programa de orientação, os indígenas esperam preservar seu modo de vida como o fizeram durante séculos.
“Com o conhecimento de plantas medicinais desaparecendo rapidamente entre a maioria dos grupos indígenas e ninguém para escrevê-los, os verdadeiros perdedores no final são tragicamente os próprios atores indígenas”, disse Herndon. “A metodologia desenvolvida pelos Matsés e pela Acaté pode ser um modelo para outras culturas indígenas protegerem seus conhecimentos ancestrais”.
UMA ENTREVISTA COM O MÉDICO CHRISTOPHER HERNDON
Chris Herndon (esquerda) e o xamã Arturo (direita), observam um rascunho da nova enciclopédia. Foto: Acaté
Mongabay: Por que a enciclopédia é importante?
Christopher Herndon: A enciclopédia marca a primeira vez que xamãs de uma tribo da Amazônia criaram uma transcrição total e completa de seu conhecimento medicinal, escrita em sua própria língua e com suas palavras.  Ao longo dos séculos, os povos da Amazônia têm repassado através da tradição oral uma riqueza acumulada de conhecimentos e técnicas de tratamento que são um produto de seus profundos laços espirituais e físicos com o mundo natural.  Os Matsés vivem em um dos ecossistemas de maior biodiversidade do planeta e têm dominado o conhecimento das propriedades curativas das suas plantas e animais.  No entanto, em um mundo em que a mudança cultural desestabiliza até mesmo as sociedades mais isoladas, este conhecimento está rapidamente desaparecendo.
É difícil pensar o quão rapidamente este conhecimento pode ser perdido após uma tribo fazer contato com o mundo exterior. Uma vez extinto, este conhecimento, juntamente com a auto-suficiência da tribo, nunca pode ser totalmente recuperado. Historicamente, o que seguiu logo da perda dos sistemas de saúde endêmicos em muitos grupos indígenas é a quase total dependência dos rudimentares e extremamente limitados serviços de saúde que estão disponíveis nestes locais remotos e de difícil acesso. Não surpreendentemente, na maioria dos países, os grupos indígenas têm as maiores taxas de mortalidade e doença.
Pela perspectiva dos Matsés, a iniciativa é importante porque a perda da cultura e o atendimento precário à saúde estão entre suas maiores preocupações. A pioneira metodologia para proteger e salvaguardar o seu próprio conhecimento pode servir como um modelo replicável para outras comunidades indígenas que enfrentam uma erosão cultural semelhante. Em termos mais amplos de conservação, sabemos que existe uma forte correlação entre os ecossistemas intactos e regiões habitadas por índios, o que torna o fortalecimento da cultura indígena uma das maneiras mais eficazes para proteger grandes áreas de floresta tropical.
Mongabay: Por que é agora o momento de se registrar esta informação?
Christopher Herndon: O conhecimento dos Matsés e a sabedoria acumulada através de gerações estava perto de desaparecer. Felizmente, restavam alguns poucos Matsés mais velhos, que ainda detinham o conhecimento ancestral, já que o contato com o mundo exterior só ocorreu na última metade do século. Os curandeiros eram adultos na época do contato inicial e já haviam dominado suas habilidades antes de que missionários e funcionários do governo lhes dissessem que elas não eram úteis. No momento em que o projeto começou, nenhum dos xamãs mais velhos tinha jovens Matsés interessados em aprender com eles.
Um dos mais renomados e antigos curandeiros Matsés morreu antes de seu conhecimento ser transmitido, então o momento era este. A Acaté e a liderança Matsés decidiram priorizar a enciclopédia antes de perder mais anciãos, com seus conhecimentos ancestrais. O projeto não tratava de salvar uma dança tradicional ou vestuário, mas da saúde deles e a das futuras gerações de Matsés. A aposta não podia ser maior.
Mongabay: Como é a enciclopédia?
Christopher Herndon: Após dois anos de intenso trabalho por parte dos Matsés, a Enciclopédia agora inclui capítulos escritos por cinco mestres curandeiros Matsés e tem mais de 500 páginas! Cada entrada é classificada pelo nome da doença, com uma explicação sobre como reconhecê-la pelos sintomas, a sua causa, quais plantas usar, como preparar o medicamento e opções terapêuticas alternativas. Uma fotografia feita pelos Matsés de cada planta acompanha cada entrada na enciclopédia.
A Enciclopédia é escrita para e desde uma visão de mundo do xamã Matsés, descrevendo como os animais da floresta estão envolvidos na história natural das plantas e conectados com as doenças. É uma verdadeira enciclopédia xamânica, totalmente escrita e editada por xamãs indígenas – a primeira, que conhecemos, de seu tipo e alcance.
Mongabay: Como você espera que esta enciclopédia possa ajudar os esforços de conservação?
Christopher Herndon: Acreditamos que empoderar os povos indígenas é a abordagem mais eficaz e duradoura para a conservação da floresta tropical. Não é por acaso que as extensões restantes intactas da floresta tropical na região neotropical estão sobrepostas às áreas habitadas por indígenas. Os povos tribais compreendem e valorizam a floresta porque são dependentes dela. Esta relação vai além de uma dependência utilitária; há uma ligação espiritual com a floresta, um senso de interconectividade que é difícil de se compreender por meio da mentalidade ocidental compartimentalizada – por mais que seja, no entanto, real.
Muitas das graves ameaças ambientais em áreas indígenas remotas de que você ouve falar no noticiário – petróleo, madeira, mineração e afins – são indústrias externas que oportunisticamente se aproveitam da enfraquecida coesão social interna dos povos indígenas de contato recente, de seus recursos limitados e da crescente dependência do mundo exterior. O tema unificador das três áreas programáticas da Acaté – economia sustentável, medicina tradicional, e agroecologia – é a autossuficiência. A Acaté não predetermina estas três prioridades de conservação; elas foram definidas em discussão com os anciãos Matsés que sabem que a melhor maneira de proteger sua cultura e terras é através de uma posição de força e independência.
Do ponto de vista de conservação global, os Matsés protegem mais de 3 milhões de acres [1,2 milhões de hectares] de floresta tropical só no Peru. Esta área inclui algumas das florestas mais intactas, biodiversas e ricas em carbono no país. As comunidades Matsés no lado brasileiro dos rios Javari e Yaquerana marcam as fronteiras ocidentais da reserva indígena do Vale do Javari, uma região quase do tamanho da Áustria, que contém o maior número de tribos ‘sem contato’, em isolamento voluntário, no mundo. Ao sul das margens do território Matsés, nas cabeceiras do rio Yaquerana, encontra-se La Sierra del Divisor, uma região de beleza natural impressionante, biodiversidade, e também grupos tribais isolados. Por estas razões, embora os Matsés somente cheguem a somar pouco mais de 3 mil pessoas no total, eles estão estrategicamente posicionados para proteger uma vasta área de floresta tropical e uma série de tribos isoladas. Empoderá-los é uma preservação de alto rendimento.
Mongabay: Você mencionou que a enciclopédia é apenas a primeira fase de uma iniciativa mais ampla da Acaté. Quais são os outros componentes necessários para manter os sistemas tradicionais de saúde deles?
Christopher Herndon: Completar a enciclopédia é um primeiro passo histórico e crítico para mitigar as ameaças existenciais para a sabedoria de cura e autossuficiência dos Matsés. No entanto, a enciclopédia sozinha não é suficiente para manter a autossuficiência, já que seus sistemas de saúde baseiam-se na experiência que só pode ser transmitida através de longos aprendizados. Infelizmente, devido a influências externas, quando começamos nosso projeto, nenhum dos xamãs tinha aprendizes. Ao mesmo tempo, a maioria dos povos ainda usa e depende do conhecimento de plantas medicinais dos curandeiros, muitos dos quais têm mais de 60 anos.
Na Fase II, o Programa de Aprendizes, cada xamã – muitos dos quais são autores de capítulos da Enciclopédia – será acompanhado na selva por Matsés mais jovens para conhecer as plantas e ajudar no tratamento de pacientes. O programa de aprendizado foi iniciado em 2014 na aldeia de Estirón sob a supervisão do xamã Luis Dunu Chiaid. Devido ao sucesso do projeto piloto em Estirón, os Matsés concordaram em unanimidade, em sua última reunião, que este programa deveria ser expandido para o maior número possível de aldeias, dando prioridade às que não têm mais curandeiros tradicionais.
O objetivo final da iniciativa é a Fase III – a integração e melhoria dos serviços de saúde do ‘ocidentais’ feita com práticas tradicionais. Wilmer, um promotor de saúde em uma pequena clínica em Estirón e um dos aprendizes do programa-piloto, serve de exemplo para outros Matsés que trabalham com saúde. Ele entende que o futuro da saúde do seu povo depende da criação de sistemas de saúde duais e vibrantes que permitam à comunidade aproveitar o melhor de ambos os mundos da medicina.
Além disso, foi decidido que o nosso trabalho agro-florestal deve ser expandido para incluir a integração com plantas medicinais. Este trabalho será baseado no bosque de cura criado por um dos principais xamãs curandeiros Matsés em Nuevo San Juan, agora mantido por seu filho, Antonio Jimenez. Para um estrangeiro, este bosque parece uma trecho comum de selva no caminho para as fazendas deles, a uns 10 ou 15 minutos de caminhada fora da comunidade. Na presença de um xamã conhecedor que indique quais são as plantas medicinais, você percebe na mesma hora que está cercado por uma constelação de plantas medicinais cultivadas pelos curandeiros Matsés para o tratamento de uma variada gama de doenças. Muitas vinhas e fungos da floresta não crescem em jardins expostos ao sol e requerem o ecossistema da floresta para a sua propagação. Colocar o bosque de plantas medicinais a 10 ou 15 minutos de distância da comunidade é um exemplo característico da eficiência do Matsés. Se você tem uma criança doente, não quer ter que viajar quatro horas para encontrar o remédio.
Aplicação de medicina tradicional dos Matsés. Foto: Acaté
Mongabay: A enciclopédia foi escrita apenas na língua dos Matsés como proteção contra a bioprospecção e o roubo do conhecimento indígena. O medo da biopirataria é uma preocupação real para os Matsés?
Christopher Herndon: Infelizmente, a história está cheia de exemplos de roubo dos povos indígenas. Para os Matsés em particular a preocupação é muito real. As secreções da pele da rã Kambo (Phyllomedusa bicolor) são utilizadas pelos Matsés em seus rituais de caça. As secreções, ricas em uma variedade de peptídeos [pequenas proteínas] bioativos, são administradas diretamente no organismo em cortes frescos ou queimaduras. Quase imediatamente, as toxinas induzem intensas e autonômicas respostas cardiovasculares que levam a um estado alterado de consciência e acuidade sensorial muito maior.
Embora a rã Kambo esteja presente ao longo do norte da Amazônia, apenas os Matsés e um número reduzido de tribos vizinhas Panoan são conhecidos por usar suas secreções poderosas.  Depois de se conhecer o uso das secreções pelo Matsés, pesquisas de laboratório sobre as secreções da rã Kambo revelaram um complexo coquetel de peptídeos com potentes propriedades vasoativas, narcóticas e antimicrobianas.  Várias empresas farmacêuticas e universidades registraram patentes dos peptídeos sem reconhecimento ou benefício aos povos indígenas.  Um destes peptídeos com atividade antifúngica foi até mesmo transgenicamente inserido em batatas.
O medo da biopirataria é, infelizmente, uma porta que se abre para ambos os lados. Muitos grupos ambientalistas e cientistas têm realizado projetos na Amazônia documentando o conhecimento indígena da fauna local, como nome de aves, mas mantiveram-se à margem em relação às plantas medicinais, por medo de serem acusados de facilitar a biopirataria. No entanto, com o rápido desaparecimento dos conhecimentos sobre as plantas medicinais entre a maioria dos grupos indígenas e não sem ninguém para registrá-lo, tragicamente os verdadeiros perdedores ao final são os índios, os verdadeiros geradores desse conhecimento. A metodologia desenvolvida pelo Matsés e a Acaté deve ser um modelo para outras culturas indígenas conservarem seus conhecimentos ancestrais.
Mongabay: Qual é a metodologia da Acaté e como ela protege esse conhecimento?
Christopher Herndon: A Acaté e os Matsés desenvolveram uma metodologia inovadora para evitar a extinção de seu conhecimento ancestral sobre as plantas medicinais e ao mesmo tempo proteger as informações contra o roubo por grupos externos. A enciclopédia está escrita somente em Matsé. É por e para os Matsés e não haverá traduções para outras línguas. Não foram incluídos nomes científicos nem fotografias de flores ou alguma outra característica que possa facilitar a identificação das plantas por um estrangeiro.
Cada capítulo da Enciclopédia de Medicina Tradicional foi escrito por um veterano xamã renomado escolhido pela comunidade. Para cada xamã veterano foi designado um Matsés mais jovem, que durante meses registrou em forma escrita o conhecimento xamã e fotografou cada planta. Os textos e as imagens foram compilados e escritos no computador de Wilmer Rodríguez López, um Matsés que é especialista na transcrição escrita de sua língua.
Na reunião, a Enciclopédia compilada – um rascunho de mais de 500 páginas – foi revisada e editada coletivamente pelos xamãs das tribos por vários dias. Toda a enciclopédia está sendo formatada e impressa pelos Matsés sob a sua direção exclusiva, e nunca será publicada ou divulgada fora de suas comunidades.
Esperamos que o incontroverso sucesso desta metodologia iniciada pela Acaté e por nossos parceiros índios abra a porta para esforços semelhantes em toda a Amazônia e além. Já estamos vendo os esforços de outras organizações para replicar a metodologia.
Mongabay: Obviamente, o foco é preservar a cultura e o conhecimento Matsés, mas o seu conhecimento médico poderia teoricamente ajudar as futuras gerações ao redor do mundo. Existem condições específicas para que os xamãs Matsés e a população possam compartilhar seus conhecimentos sobre as plantas medicinais na Amazônia? Ou a confiança está destruída?
Christopher Herndon: A Acaté não pode falar pelos Matsés. Posso dizer que trabalhando com xamãs índios na Amazônia, eu tenho notado que eles são muito abertos a compartilhar o seu conhecimento, quando nos aproximamos com respeito. Eles também têm uma grande curiosidade intelectual sobre outros métodos de cura, incluindo o nosso.
Alguns dos medicamentos desenvolvidos pela humanidade, como a quinina e aspirina, foram desenvolvidos através do conhecimento de curandeiros tradicionais.  Devido ao clima político e temores internacionais de biopirataria, mesmo para as empresas farmacêuticas que promovem a distribuição equitativa dos lucros, é um desafio participar de tais iniciativas.  A complexidade do conhecimento indígena de plantas medicinais é tal que não é possível avaliar plenamente a fitoquímica dentro do prazo em que o conhecimento está prestes a ser perdido.  A Enciclopédia, apesar de não ser desenhada para esse fim, mantém as opções abertas no futuro para os Matsés; um futuro que, em contraste com a maioria de seus precedentes históricos, será um de sua própria determinação.
Não devemos perder de vista que, até a criação da enciclopédia, o sistema tradicional de saúde Matsés estava prestes a desaparecer devido às influências do mundo exterior. Os Matsés vivem em áreas remotas onde a prestação de serviços de saúde é um desafio e limitada. As farmácias em muitas comunidades Matsés, particularmente as de mais longe, rio acima, são desprovidas dos medicamentos mais básicos, como remédios para tratar a malária, que veio de fora das comunidades. Os Matsés precisam pagar de seu bolso pelo medicamento que vem de fora, cujo preço é inalcançável para a maioria dos anciãos da comunidade que não têm nenhuma fonte de renda. O simples microscópio necessário para analisar o sangue e diagnosticar a malária estava quebrado em quase todas as comunidades que visitei. Em comparação, vivemos em um mundo que é abundante em cuidados de saúde. Se houver necessidade de dialogar, na minha opinião, isso deve começar com a resposta de como podemos apoiar os Matsés no presente, em vez de como eles podem nos ajudar no futuro.
Mongabay: Muita gente vê a medicina e a preservação da floresta como questões separadas. Como a saúde está ligada ao meio-ambiente?
Christopher Herndon: A saúde de um povo, sua cultura e meios-ambientes são indissociáveis. Não podemos pensar sobre as condições deprimentes de saúde e a situação socioeconômica no Haiti sem considerar o contexto de que 98% deste país que ocupa a metade de uma ilha foi devastado e, assim, o seu potencial futuro também foi destruído. A fronteira entre o Haiti e a República Dominicana pode ser claramente vista a partir de imagens de satélite como uma transição abrupta do marrom ao verde, como o resultado de diferentes formas de uso dos recursos naturais. Da mesma forma, as imagens da Etiópia que existem na consciência moderna baseiam se no fato de, que há apenas 100 anos, a Etiópia era um país com uma significativa cobertura florestal.
O futuro dos Matsés e a sua cultura estão eternamente ligados ao futuro de suas florestas. Ao proteger as florestas e reforçar sua cultura, a saúde deles é protegida contra um futuro carregado de diabetes, desnutrição, depressão e alcoolismo – a segunda onda de doenças ‘importadas’ que normalmente acontece em comunidades indígenas após algumas gerações depois do contato com o mundo exterior. Visto desta forma, iniciativas de conservação biocultural seriam extremamente rentáveis e podem ser abordagens preventivas de saúde.
Mongabay: Como a enciclopédia pode ajudar a preservar a cultura Matsés?
Christopher Herndon: Uma mudança radical começa muitas vezes com algo tão simples e tão poderoso como uma ideia.  A ideia de que a sua cultura, as suas tradições e seu estilo de vida não são inferiores ou algo para se envergonhar, como outros talvez já lhe tenham dito.  A ideia de que a selva, que você chamar de lar, tem um valor infinitamente maior do que reservas de petróleo ou de mogno para produzir mobiliário de luxo.  A ideia de que o seu conhecimento e familiaridade com a floresta não faz o torna primitivo ou atrasado, mas o coloca à frente do movimento global de conservação.  A enciclopédia é o primeiro passo concreto para a formação de uma ponte para vencer a lacuna cada vez maior entre gerações, antes que seja tarde demais.  A iniciativa da enciclopédia restaura o respeito pela sabedoria dos mais velhos e devolve a selva como um repositório de saúde e um lugar para aprender.
Mongabay: A enciclopédia foi completada e terminada em uma reunião de líderes Matsés vindos de todo seu território e antigos xamãs das tribos. Como foi o clima naquela reunião?
Christopher Herndon: Esta reunião sem precedentes foi realizada em uma das aldeias mais remotas do território Matsés. É extremamente difícil descrever em palavras a emoção sentida por todos os participantes quando os líderes Matsés mais antigos falaram de batalhas que eles lutaram – literalmente – para defender o território Matsés e seu modo de vida. Muitos deles tiveram de conter as lágrimas enquanto um ancião após o outro convidava os jovens a aproveitar esta oportunidade para preencher a lacuna que será deixada por eles quando morrerem, assim como eles fizeram quando seus avós estavam vivos. Eu trabalho na conservação biocultural na Amazônia há 15 anos, mas esta foi uma das mais inspiradoras experiências, para se ouvir o poder da oratória deles e determinação em suas vozes. É facilmente perceptível que os Matsés são guerreiros de coração, que lutaram por um longo tempo para proteger suas terras e que eles continuarão lutando.
Texto originalmente publicado por Jeremy Hance no Mongabay
Esta entrevista foi traduzida do original em inglês por Giovanny Vera e Laura Kurtzberg e revisada por Stefano Wrobleski, do InfoAmazonia.

Fonte: InfoAmazonia

Fonte: AMAZÔNIA

http://amazonia.org.br/2015/07/tribo-amaz%C3%B4nica-cria-enciclop%C3%A9dia-de-medicina-tradicional-com-500-p%C3%A1ginas/?utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=Not%EDcias+da+Amaz%F4nia+-+13+de+julho+de+2015

sábado, 11 de abril de 2015

Inspiração de planta, de outro tempo, justiça, mato, oca!

1 - Equilíbrio de Pedras!

Vídeo:

 Defying Gravity
The art of stone balancing. Check out Michael Grab's work at Gravity Glue
Posted by Willy Foo - Photographer, Marketer, Technopreneur on Sexta, 13 de fevereiro de 2015

URL: https://www.facebook.com/video.php?v=10153265853349245


2 - Sobre viver!
A árvore Van Damme. A natureza sempre encontra um meio para sobreviver…Biologia com o Prof. Jubilutwww.biologiatotal.com.br
Posted by Biologia com o Prof. Jubilut on Quinta, 9 de abril de 2015

3 - Não coma carne!


Posted by Mermaid Melissa on Sexta, 10 de abril de 2015


4 -

"Apartheid era 'legal'
Escravidão era 'legal'
Colonização era 'legal'
Legalidade é um construção do poder.
Não de justiça."


5 -
Aceitar pessoas, não esperar das pessoas, até ignorar pessoas, saber pessoas antes d entender.

"Não é preciso entender para gostar senão impossível gostar de alguém."





6 -
" A família tradicional brasileira é todo mundo pelado na oca!"




7 -





domingo, 23 de março de 2014

índia Zahy Guajajara Tenetehar escreveu: Pó de Urucun

índia Zahy Guajajara Tenetehar escreveu: Pó de Urucun

Da minha pele lateja um sangue vermelho
Quando seca vira pó de urucum
E depois torna-se um corante
Aquele que faz colorir o seu alimento em comum

Minha cor
Meu sangue
Minha lágria é uma gota de pó
O ar que respiras também é pó
De urucun
Ai que dó

E quando Deus me fez
Estou certa de que em vez
De usar o pó da terra
Ele usou o pó de urucun

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Veja aqui...

Jesus expulsando as multinacionais da América Latina.







As datas não devem ser essas mas os deuses são esses...












Fonte: Truth Teory




Fonte: Priscilla Cavalieri




Fonte: Me Photographer
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Fonte: Hugo J. Amaral




Fonte: Pedro mendes



Fonte: Pedro Mendes



Fonte: tarifa Zero BH



Fonte: Poderia Ser
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=456867524388618&set=a.439506232791414.1073741826.439501699458534&type=1&theater




Fonte: Filósofos Obscenos
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=194964437317756&set=a.179536098860590.1073741826.179532692194264&type=1&theater



Fonte: Filósofos Obscenos



Fonte: William De Lucca Martinez
 https://www.facebook.com/photo.php?fbid=631754330203997&set=a.261429240569843.61709.100001083069139&type=1&theater





"#Spain. 2 Spanish Human Chains: People protecting Hospitals & Schools... while Government protecting Banks
via @ferranmartin

Via:#15M Barcelona International @15MBcn_int" 

Fonte: Revolution News
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=266562916830611&set=a.125035117650059.26795.124978350989069&type=1&theater


Indígenas voltam a Aldeia Maracanã

Q absurdo! É isso q é natal???


1 - Resumo/denúncias:

"PEDIMOS O APOIO DAS DEMAIS LIDERANCAS INDIGENAS, MOVIMENTOS INDIGENAS E SOCIAIS E SIMPATIZANTES DESTA CAUSA PARA O RETORNO DOS INDIGENAS E ALUNOS RESIDENTES NA UNIVERSIDADE INDIGENA FEDERAL ALDEIA MARACANA, IGNORADOS PELA SECRETARIA DE CULTURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E PELA FUNAI."

"O DITO SEMINARIO DE CONSTRUCAO DO CENTRO DE REFERENCIA DA CULTURA DOS POVOS INDIGENAS QUE SERIA REALIZADO NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ( FOI TRANSFERIDO PARA O TEATRO GLACIO GILL E EM SEGUIDA PARA O HOTEL NOVO MUNDO, MUDANCAS ESSAS OCORRIDAS EM MENOS DE 24HS, COM A CLARA INTENCAO DE IMPEDIR A PARTICIPACAO DOS INDIGENAS"

" A LUTA DA ALDEIA MARACANA NAO ESTA DESVINCULADA A OUTRAS LUTAS SOCIAS, COMO A REDUCAO DA TARIFA DE ONIBUS, AS DEMANDAS DOS PROFESSORES ESTADUAIS E MUNICIPAIS, SEM TETOS, SEM TERRAS E DEMAIS GUERREIROS DOS DIREITOS DOS POVOS."

"DENUNCIAR MAIS UMA VEZ A VENDA ILEGAL DO TERRENO {da Aldeia Maracana} (...) PARA O GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUE TINHA COMO FINALIDADE INICIAL DEMOLIR O PREDIO DO ANTIGO MUSEU DO INDIO PARA CONTRUIR ALI UM ESTACIONAMENTO."

"A LUTA DA ALDEIA MARACANA COMPLETOU SEUS SETE ANOS COM DOIS DESPEJOS VIOLENTOS E QUE ESTARAO GRAVADOS NA HISTORIA DESTE PAIS SEM UM PRONUNCIAMENTO DA FUNDACAO NACIONAL DO INDIO, FUNAI, MINISTERIO PUBLICO FEDERAL E SECRETARIA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS."

Página deles:
https://www.facebook.com/acampamento.indigena/posts/484856964956342

__________________________________Texto na íntegra:

Carta na íntegra:


"CARTA DE REPUDIO AO GOVERNO DO RIO DE JANEIRO

NOS, DA RESISTENCIA DA ALDEIA MARACANA, VIEMOS A PUBLICO DENUNCIAR O GOVERNO DO RIO DE JANEIRO PELOS CRIMES QUE TEM SIDO COMETIDOS CONTRA OS DIREITOS HUMANOS E A MANIPULACAO DE INDIGENAS, A FIM DE DIVIDIR O MOVIMENTOS E AS OPINIOES, QUANTO AO PROJETO A SER DESENVOLVIDO NA ALDEIA MARACANA.

REPUDIAMOS O DESPEJO ARBITRARIO, VIOLENTO E ILEGAL (OCORRIDO NESTA ULTIMA SEGUNDA-FEIRA, DIA 16 DE DEZEMBRO) SEM MANDATO JUDICIAL E SEM A PRESENCA DE UM OFICIAL DE JUSTICA.
DENUNCIAMOS O GOVERNO TORTURADOR DO RIO DE JANEIRO, QUE PRIVOU O INDIGENA URUTAU GUAJAJARA, QUE RESISTIU A INVASAO DO TERRENO PELA PMRJ DURANTE 26 HORAS EM CIMA DE UMA ARVORE, NA ALDEIA MARACANA, DE BEBER AGUA E COMER, E DE UTILIZAR A FORCA PARA RETIRA-LO VIOLENTAMENTE .

REPUDIAMOS TAMBEM A TATICA DO ESTADO, REPRESENTADO PELA SECRETARIA ESTADUAL DE CULTURA DE CONVOCAR UM SEMINARIO COM A FINALIDADE DE DEFINIR UM PROJETO PARA O TERRENO DO ANTIGO MUSEU DO INDIO, ATUAL ALDEIA MARACANA,, SEM CONVIDAR AQUELES QUE EFETIVAMENTE RESISTIRAM PELA PRESERVACAO DO ESPACO ONDE JA HAVIA SIDO INICIADA A DEMOLICAO DE UM DOS PREDIOS SITUADOS NA TERRA INDIGENA DESTINADA A PRIMEIRA UNIVERSIDADE INDIGENA FEDERAL DO BRASIL, ALDEIA MARACANA, QUE TEM COMO PROPOSTA REPRESENTAR AS MAIS DE TREZENTAS ETNIAS ESPALHADAS PELO TERRITORIO BRASILEIRO. O DITO SEMINARIO DE CONSTRUCAO DO CENTRO DE REFERENCIA DA CULTURA DOS POVOS INDIGENAS QUE SERIA REALIZADO NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ( FOI TRANSFERIDO PARA O TEATRO GLACIO GILL E EM SEGUIDA PARA O HOTEL NOVO MUNDO, MUDANCAS ESSAS OCORRIDAS EM MENOS DE 24HS, COM A CLARA INTENCAO DE IMPEDIR A PARTICIPACAO DOS INDIGENAS RESISTENTES E QUE NAO PERMITIRAM A DEMOLICAO DA MEMORIA DA INDENTIDADE INDIGENA NO RIO DE JANEIRO.

ACUSAMOS ESTE SEMINARIO DE SER UMA FARSA MONTADA PELO GOVERNO AFIM DE DESESTABILIZAR E GERAR DIVISAO ENTRE AS LIDERANCAS DA LEGITIMA LUTA INDIGENA NO RIO DE JANEIRO APOIADA PELOS DEMAIS MOVIMENTOS SOCIAIS E ESTUDANTIS. A LUTA DA ALDEIA MARACANA NAO ESTA DESVINCULADA A OUTRAS LUTAS SOCIAS, COMO A REDUCAO DA TARIFA DE ONIBUS, AS DEMANDAS DOS PROFESSORES ESTADUAIS E MUNICIPAIS, SEM TETOS, SEM TERRAS E DEMAIS GUERREIROS DOS DIREITOS DOS POVOS.

TENDO-SE EM VISTA QUE A ALDEIA MARACANA ESTA SITUADA EM UM DOS PRINCIPAIS PONTOS URBANOS E TURISTICOS DO PAIS, AO LADO DO ESTADIO MARIO FILHO, ONDE SERAO SEDIADOS ALGUNS DOS JOGOS PARA A COPA DO MUNDO 2014 FICA CLARO QUE O PROJETO DE UNIVERSIDADE INDIGENA VAI CONTRA OS VALORES CAPITALISTAS DAS GRANDES EMPRESAS PATROCINADORAS DOS EVENTOS E DOS LIDERES ESTADUAIS QUE RATIFICAM OS CRIMES COMETIDOS POR ESSAS EMPRESAS.
NAO PODERIAMOS DEIXAR DE DENUNCIAR MAIS UMA VEZ A VENDA ILEGAL DO TERRENO DE 14.300 METROS QUADRADOS PARA O GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUE TINHA COMO FINALIDADE INICIAL DEMOLIR O PREDIO DO ANTIGO MUSEU DO INDIO PARA CONTRUIR ALI UM ESTACIONAMENTO.

A LUTA DA ALDEIA MARACANA COMPLETOU SEUS SETE ANOS COM DOIS DESPEJOS VIOLENTOS E QUE ESTARAO GRAVADOS NA HISTORIA DESTE PAIS SEM UM PRONUNCIAMENTO DA FUNDACAO NACIONAL DO INDIO, FUNAI, MINISTERIO PUBLICO FEDERAL E SECRETARIA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS.
NAO CONTANDO COM O APOIO DOS ORGAOS E INSTITUICOES QUE DEVERIAM REPRESENTAR AS LUTAS INDIGENAS DESTE PAIS, EM DECORRENCIA DOS GRANDES INVESTIMENTOS FEITOS CONTRA ESTE PROJETO DESAFIADOR DE TRAZER A CULTURA INDIGENA PARA UM TERRITORIO URBANO, MAS NO ENTANTO ACREDITANDO NA FORCA DOS POVOS ORIGINARIOS, PEDIMOS O APOIO DAS DEMAIS LIDERANCAS INDIGENAS, MOVIMENTOS INDIGENAS E SOCIAIS E SIMPATIZANTES DESTA CAUSA PARA O RETORNO DOS INDIGENAS E ALUNOS RESIDENTES NA UNIVERSIDADE INDIGENA FEDERAL ALDEIA MARACANA, IGNORADOS PELA SECRETARIA DE CULTURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E PELA FUNAI.

ASSINAM ESTE DOCUMENTO EM APOIO A RESISTENCIA DA ALDEIA MARACANA


2 - "Há pouco, conversamos com o advogado Arão da Providência, que nos informou sobre a questão do pedido oficial de reintegracao de posse. De acordo com o documento, todo o espaço (inclusive a área recentemente ocupada) é legalmente de posse indígena. Nao há necessidade da presença de um oficial de justiça,
...
o Comandante da Tropa de Choque no local, o Ten. Paulo, não permite a reintegração de posse dos indigenas que seguem resistindo no local."


________________Texto na íntegra:


Neste momento, a situação segue tranquila em frente a Aldeia Maracanã. Há pouco, conversamos com o advogado Arão da Providência, que nos informou sobre a questão do pedido oficial de reintegracao de posse. De acordo com o documento, todo o espaço (inclusive a área recentemente ocupada) é legalmente de posse indígena. Nao há necessidade da presença de um oficial de justiça, uma vez que o documento é uma sentença da 7º Vara Cívil Pública e deixa expressa a decisão da justica federal quanto o território. Apesar da decisão, o Comandante da Tropa de Choque no local, o Ten. Paulo, não permite a reintegração de posse dos indigenas que seguem resistindo no local. Dentro da Aldeia, 4 carros do Batalhão de Choque seguem ocupando o espaço, enquanto que o entorno permanece as escuras. Mais cedo, uma protetora dos animais relatou que os policiais não permitiram a alimentação dos gatos que vivem no local. Ainda segundo o relato, alguns dos policiais jogaram os alimentos no lixo, aumentando ainda mais o estado precário dos animais.


3 - A ALDEIA PRECISA DA NOSSA AJUDA Amparados por uma decisão judicial, indígenas puderam entrar no prédio da Aldeia Maracanã para recuperar seus pertences. E deram de cara com um cenário desolador: fogão, barracas, livros, roupas, tudo foi destruído. No momento, indígenas e apoiadores estão acampados do lado de fora, diante da aldeia, e necessitam com urgência de doações, em especial água, frutas e alimentos não-perecíveis. #AldeiaResiste #RioNaRua

domingo, 14 de julho de 2013

Romeu e Julieta ou Guaraci e Jaciara! - Temiminós

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O pássaro de fogo: uma lenda dos índios temiminós

Ilustração: Eduardo Azevedo

Mais uma vez vou à fonte
Das antigas tradições
Que formam a base das
Velhas civilizações,
E que, no tempo e no espaço,
Sem mostrar qualquer cansaço,
Lega-nos belas lições.
Esta lenda se refere
Aos índios temiminós.
Impelida pelo vento,
Ela chegou até nós.
Relatos encantadores
Nas vozes dos narradores,
Avós dos nossos avós.
O cenário desta lenda
Que envolve povos em guerra
Hoje abrange os municípios
De Cariacica e Serra:
No rico chão capixaba
Vivia um morubixaba
Que era o mais bravo na terra.
Era o pai duma princesa
Chamada de Jaciara,
Um primor da natureza,
Uma esmeralda tão rara,
Que um bravo temiminó,
Ao vê-la no mato só,
Seu coração quase para.
Mas havia um empecilho
Pra que o amor consumasse:
Os pais dos jovens jamais
Consentiriam no enlace.
Guaraci e Jaciara
Não se viam cara a cara,
Não se olhavam face a face.
O jovem ainda tentou,
Com presentes cordiais,
Agradar o pai da moça,
Porém, com planos fatais,
O destino não deixava,
Pois o cacique bradava:
— Somos de tribos rivais!
Não consentirei jamais
Nessa união malfadada.
Prefiro ver minha filha
Antes morta que casada
Com um vil temiminó,
Porque persigo sem dó
Essa gente desgraçada!
E recrutou os guerreiros
Que julgava de valor
Pra criar uma barreira
Com propósito traidor
De impedir que Guaraci
Chegasse perto dali,
Falasse com seu amor.
Todavia apareceu
Um pássaro misterioso,
Que do par apaixonado
Foi correio valioso:
Para a princesa levava
As cantigas que entoava
O guerreiro valoroso.
Do mesmo modo levava
As mensagens da princesa,
As juras de amor eterno
Adornadas de beleza.
O mesmo pássaro trazia
A bonita melodia
Da deusa da Natureza.
O mensageiro celeste
Vez ou outra os conduzia
A duas elevações,
Onde levava e trazia
As cantigas dos amados,
Segredos de apaixonados
Que só o pássaro sabia.
E nesse ir e vir constante,
Acharam de combinar
Uma fuga que pudesse
A vigilância burlar.
Porém o pai da princesa,
Desprovido de nobreza,
Um crime vai perpetrar.
Consultou os adivinhos
Mais importantes da aldeia,
Soube dos planos da filha,
Da fuga pra terra alheia...
Disse, espumando de ira:
— Eu não perdoo a mentira,
Pois tenho sangue na veia!
O chefe, então, conclamou
Um temível feiticeiro,
Que descreveu em detalhes
De Jaciara o roteiro,
Dizendo: — Bravo cacique,
Impedirei que ela fique
Feliz com o seu guerreiro.
(...)
Nota: A trágica história de amor entre um guerreiro temiminó e uma princesa de uma tribo rival deu origem a uma lenda com fortes cores europeias, apesar de retratar personagens indígenas. Assim como na lenda do frade e da freira, o castigo que vitima os jovens enamorados é a transformação em dois rochedos. O guerreiro é o Mestre Álvaro, morro imponente da cidade da Serra. A princesa é o Moxuara, localizado em Cariacica. O misterioso pássaro de fogo, que servia de correio aos dois, ainda pode ser visto, nas noites de São João, auxiliando os desventurados amantes, no único dia do ano em que recuperam a forma humana. 
___________
O pássaro de fogo é um dos poemas do livro Lendas do folclore capixaba (Nova Alexandria).

Direitos reservados ao autor.
 
Fonte: http://marcohaurelio.blogspot.com.br/2011/06/o-passaro-de-fogo-uma-lenda-dos-indios.html