quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Resumo Fucô!

Resumo na internet sobre Foucault:

Flávia Cristina Silveira Lemos*
Doutoranda em História e Sociedade na UNESP. Bolsista FAPESP.

Biopolítica, Disciplinas e Controle: cartografia da sociedade contemporânea
Para Foucault (2001), na segunda metade do século XVIII, iniciou-se um processo de regulação da vida denominado biopolítica, ou seja, a vida tornou-se um direito. Tratavam-se de estratégias objetivando uma gestão calculada da vida pelo Estado. Gerir a vida era estar atento a cada comportamento, cultivar a saúde física e mental, promover, ao máximo, a expansão das forças e das habilidades do ser humano.
Um dos mecanismos de gestão da vida que se expandiu foi o projeto de higienização das populações através das cruzadas médicas, que teve como foco privilegiado a proteção da infância, em uma política claramente preventivista de formação do homem dócil, produtivo e submisso à lógica estatal e capitalista.
Além da biopolítica, outros mecanismos de poder nascem com a sociedade capitalista – os disciplinares: o exame, a sanção normalizadora, a vigilância hierárquica, o controle do tempo e a distribuição dos corpos no espaço, segundo Foucault (1997). A diferença é que as tecnologias disciplinares agem sobre o indivíduo e a biopolítica opera sobre a população como segmento.
Sociedade Disciplinar e Governamentalização ou Biopolítica são os modos de funcionamento da sociedade moderna. Formam um conjunto de tecnologias específicas, cartografadas por Michel Foucault, em suas análises problematizadoras das práticas modernas de objetivação e subjetivação dos homens. Estes mecanismos incidem sobre os corpos, investindo-os politicamente de modo contínuo, ininterrupto. Trata-se de um controle minucioso e detalhado, uma microfísica do poder.
O poder disciplinar funciona distribuindo os indivíduos no espaço, organizando-os, classificando-os, hierarquizando-os. Distribuir no espaço significa poder localizar os corpos, não necessariamente fixando-os em instituições fechadas. É o que Foucault (1997) nomeia como funcionamento das disciplinas independente dos muros, em meio-aberto.
O controle do tempo também é uma estratégia disciplinar. Cada instante das nossas vidas passa a ser regulado, gerido de maneira produtiva. O tempo foi capitalizado e disposto de uma maneira cronológica, linear e contínua. Os corpos devem ser exercitados em intervalos regulares, constantes, devem administrar o tempo de uma forma útil (FOUCAULT, 1997).
Outro mecanismo disciplinar é a vigilância hierárquica. O panoptismo, segundo Foucault (1997), é uma máquina de produção de visibilidade constante. Somos vigiados o tempo todo e nossos comportamentos são valorados de acordo com as normas prescritas pelos especialistas.
A sanção normalizadora também é um mecanismo disciplinar, funciona através de um regime de micropenalidades. Instauramos pequenos tribunais nas diversas instituições e julgamos os comportamentos a partir de sua aproximação ou distanciamento frente a modelos de normalidade. O que se aproxima do modelo é recompensado e o que se afasta é punido. Foucault (1997) nomeou este processo de contabilidade penal.
A avaliação ou exame é outra tecnologia disciplinar citada por Foucault. O exame nunca finda e pode ser realizado por qualquer um e a qualquer momento. Para sancionar os comportamentos, primeiramente, os avaliamos e os comparamos às normas instituídas como padrões de conduta valorizados em nossa cultura (FOUCAULT, 1997). Entrevistas, aplicação de testes psicológicos, dinâmicas de grupo, ludodiagnóstico são exemplos de exames utilizados com freqüência na atualidade.
Conforme Deleuze (2000), os mecanismos de visibilidade estariam sendo intensificados como nunca; a sociedade contemporânea estaria instaurando uma vigilância generalizada, independente das fixações dos indivíduos aos aparelhos de confinamento. Contudo, a emergência dos processos de controle não exclui as tecnologias disciplinares, as de normalização e os suplícios. Os mapas se entrecruzam como imagens em um caleidoscópio. Logo, o que estamos ressaltando é a predominância de novas estratégias que formam a Sociedade de Controle, na atualidade.
Deleuze destaca que, enquanto nas Sociedades de Normalização os indivíduos eram confinados em instituições, nas Sociedades de Controle, eles são sujeitados a moldes em um processo de modulação contínuo. O controle é exercido em meio aberto, ao invés de um controle em espaço fechado; a educação escolar passa a ser permanente; as fábricas que produziam bens tornam-se empresas que vendem serviços; a mídia destaca-se enquanto produtora de subjetividades homogeneizadas; a informação e o conhecimento tornam-se mercadorias, sendo capitalizados ao extremo; as imagens são efêmeras; os valores e tradições descartados; guetos e favelas multiplicam-se; o tempo e o espaço comprimem-se cada vez mais; o fluxo de informações é instantâneo; as imagens de sucesso e de bem-estar são vendidas, comercializadas.
O imperativo da flexibilização amplia-se: as relações conjugais, os contratos de trabalho, a subjetividade, o capital, as informações, as fronteiras, o mercado diluem-se, se tornam líquidos, voláteis (BAUMAN, 2001). A mídia aparece como um grande agenciador dos fluxos capitalistas, vendendo modelos de vida universalizados; de trabalhadores produtivos passamos a consumidores compulsivos de objetos oferecidos pela mídia como portadores da felicidade (GUATTARI ; ROLNIK, 1986).

A infância como objeto construído no bojo das práticas

Etc...

Fonte: RevisPsi
http://www.revispsi.uerj.br/v7n1/artigos/html/v7n1a08.htm

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