Caso Claudia - Muitas mortes numa só

As pessoas e sua capacidade linda d escrever sobre o horror!

Q assim seja qualquer escrita minha.

A política poética da vida não pode parar...

"MUITAS MORTES EM UMA SÓ

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Não por acaso, seu uniforme do ofício cotidiano foi colocado por suas colegas, úmido de pranto, sobre seu corpo inerte. Ali foi atingido o mínimo de respeito a que qualquer ser vivo tem direito, quando uma pessoa foi jogada na caçamba de uma viatura e arrastada pela rua. Crueldade indizível, com algozes sem ouvidos para quem alertava sobre o bárbaro percurso. Esta manhã de domingo, 16 de março, foi de muitas perdas, todas evitáveis,"

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"MUITAS MORTES EM UMA SÓ

Não pode ser mais uma estatística na continuada violência policial. Junto com a vida de Claudia Ferreira, a jovem auxiliar de serviços gerais do Hospital Marcílio Dias, na manhã deste domingo, em Madureira, foram ceifados estupidamente outros sinais de esperança que nossa gente carrega. Ali também foi ferido de morte o cuidado de uma mãe, que saíra com R$ 6 para comprar pão para as 8 crianças a quem dava seu carinho e amparo (4 filhos e 4 sobrinhos), em meio a precárias condições de vida no Morro do Congonha. Ali também foi atingida a teimosa alegria de viver de alguém que se fantasiava no carnaval, para brincar pela vizinhança. Ali foi destruída quem, queridíssima no trabalho, sustentava o bom humor apesar do salário de tirar o riso. Não por acaso, seu uniforme do ofício cotidiano foi colocado por suas colegas, úmido de pranto, sobre seu corpo inerte. Ali foi atingido o mínimo de respeito a que qualquer ser vivo tem direito, quando uma pessoa foi jogada na caçamba de uma viatura e arrastada pela rua. Crueldade indizível, com algozes sem ouvidos para quem alertava sobre o bárbaro percurso. Esta manhã de domingo, 16 de março, foi de muitas perdas, todas evitáveis, por isso mesmo mais trágicas ainda. Bem mais do que essas palavras, falam dessas dores terríveis as fisionomias de quem sente na carne essa tragédia. Suas lágrimas desses precisam regar o solo onde temos a obrigação de fazer florescer uma outra sociedade, menos violenta porque mais justa, mais democrática porque mais igualitária, respeitadora dos direitos dos secularmente marginalizados. (foto de Márcia Foletto)"

Fonte: Chico Alencar [político]

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