"Saca esse índio maroto
todo escroto
jogado na praça
Olha esse índio malandro
com cara de santo
e fedendo a cachaça
Porque que não volta pro mato
o lugar exato de onde ele veio
E deixa a cidade pro branco
tirar seu sustento e fazer seu passeio
esse cara de cara achata e olho apertado incomoda bastante
talvez seja o peito de aço, a força no braço e a coragem errante.
resiste à miséria, ao racismo
e a toda essa treta de copa do mundo
consegue até rir da desgraça
mas não disfarça o desgosto profundo.
e sente saudade do mato, do rio
da casa, mulher e do tio
mas do mato de um tempo distante
porque o de hoje já está por um fio
no meio de soja e de boi
fica difícil uma vida decente
frente à ameaça constante
como garante
a vida dos parente?
ficar já não pode
voltar já não pode
por vezes bate a maraca
e canta sozinho canto ritual
pra lembrar das lições dos antigos
e tentar manter a sanidade mental
espera o tempo que corre
trampando no sol
de janeiro a janeiro
a poesia da luta diária
presente na vida de um grande guerreiro."
Paula Sobral linda!
Fonte: https://www.facebook.com/paula.sobral.9/posts/641993712523743
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