A ideia é desigualdade ambiental e não desenvolvimento sustentável e nem economia verde!
Porque estes dois últimos, na realidade, não mudam nada no projeto desenvolvimentista implementado desde o pós-guerra. Só agregam ao desenvolvimento a ideia de progresso técnico, com economia de matéria e energia, continuando o inventivo ao consumismo. E pior: a obsolescência programada! Ou seja, os produtos já são feitos para durar menos!
E pra onde vai esse lixo? Para os países pobres como Índia e China (e cidades pobres! Basta ver para onde foi o lixão: Seropédica!).
"A noção melhor é desigualdade ambiental. Porque ela consegue condensar essa indissociabilidade entre a questão social e a questão ambiental. Ajuda a identificar os problemas e o caminho das lutas. (...)
a grande bandeira da justiça ambiental na cidade (...) é Impedir que a especulação imobiliária ganhe as custas da remoção compulsória das populações."
Aí fala dos megaeventos como Copa e Olimpíadas, da manipulação genética e agrotóxicos do agronegócio que mata primeiro os trabalhadores que lidam diretamente com isso, das hidrelétricas, da Rio+20...
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Texto na íntegra:
Seminário sobre a Rio+20
Porque estes dois últimos, na realidade, não mudam nada no projeto desenvolvimentista implementado desde o pós-guerra. Só agregam ao desenvolvimento a ideia de progresso técnico, com economia de matéria e energia, continuando o inventivo ao consumismo. E pior: a obsolescência programada! Ou seja, os produtos já são feitos para durar menos!
E pra onde vai esse lixo? Para os países pobres como Índia e China (e cidades pobres! Basta ver para onde foi o lixão: Seropédica!).
"A noção melhor é desigualdade ambiental. Porque ela consegue condensar essa indissociabilidade entre a questão social e a questão ambiental. Ajuda a identificar os problemas e o caminho das lutas. (...)
a grande bandeira da justiça ambiental na cidade (...) é Impedir que a especulação imobiliária ganhe as custas da remoção compulsória das populações."
Aí fala dos megaeventos como Copa e Olimpíadas, da manipulação genética e agrotóxicos do agronegócio que mata primeiro os trabalhadores que lidam diretamente com isso, das hidrelétricas, da Rio+20...
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Texto na íntegra:
Seminário sobre a Rio+20
QUE DESENVOLVIMENTO QUEREMOS?
Entrevista com Henri Acselrad:
Porto Alegre. 23 de abril de 2012
Reprodução quase fiel da entrevista extraída do vídeo:
Desenvolvimento sustentável:
A noção é recheada de ambiguidades.
O que dá pra entender é que a intenção é sustentar o projeto desenvolvimentista que estava sem fôlego. Porque a promessa do desenvolvimento que começa no pós-guerra, a partir de 45 com criação do Banco mundial, depois d 50 anos nem resolveu o problema da desigualdade social e tinha criado de forma mais visível o problema da degradação ambiental.
A ideia do Relatório Brundtland surge a partir da percepção de que o Clube de Roma que propõe limites ao crescimento não foi bem recebido pelo empresariado. Então de 72 até 87 que se cria a Comissão Brundtland (??), o que ela oferece como definição? Se for olhar a definição de desenvolvimento sustentável é crescimento econômico, dizem eles, porque é preciso combater a pobreza; e progresso técnico, posto que não deveria ser o mesmo tipo de crescimento econômico e sim com o uso de novas tecnologias. Na verdade, era a continuidade do mesmo, acrescentando a ideia d economizar matéria e energia. Criar negócios para os bens de consumo, em nome de acabar com pobreza, e criar negócios para os bens de capital, máquinas e equipamentos, a propósito de que vai economizar matéria e energia.Então a resposta do Relatório Brundtland foi dar continuidade ao capitalismo como ele sempre foi.
Abrindo um novo campo de oportunidade de geração de lucro com a produção de equipamentos mais econômicos em utilização de recursos ambientais. O relatório é uma mera revalidação do projeto desenvolvimentista. Pra poder catalizar os ânimos, a subjetividade, sai o desenvolvimento sustentável, entra a economia verde. Mas o q nos interessa é combater a desigualdade social e ambiental e certamente que as políticas em curso na última década não só não deram conta disso como aprofundaram seus problemas.
Qual a noção alternativa que se deve usar, então?
A noção melhor é desigualdade ambiental. Porque ela consegue condensar essa indissociabilidade entre a questão social e a questão ambiental. Ajuda a identificar os problemas e o caminho das lutas.
O Memorando Summers dizia para o capitalismo no mundo é extremamente racional transferir todas as atividades poluentes para as populações mais pobre e reservar para as populações mais ricas as amenidades ambientais. E se isso acontece quer dizer que o capitalismo se alimenta da desigualdade ambiental. Ele consegue fazer essa fuga pra frente de sempre expandir a fronteira do agronegócio, de sempre continuar criando novos produtos industrias para permitir a acumulação, acelerando a obsolescência programada, investindo cada vez mais em publicidade pra obrigar as pessoas a se transformarem em consumistas compulsivos, faz essa fuga pra frente porque sistematicamente os danos ambientais estão reservados pra que está fora do poder.
Os produtos industriais hoje são todos pensados para se quebrarem mais cedo e logo serem substituídos por outro. Se não fosse assim as lâmpadas elétricas durariam sempre. É perfeitamente possível. A G.E. desde o início pensou "não vai dar pra produzir uma lâmpada que não queima!".
Agora fique pensando no que acontece com os computadores e os celulares. Quando o pessoal do departamento de pesquisa e desenvolvimento, nome que se dá aquele pessoal mais da área científica e tecnológica numa grande multinacional, da eletrônica; quando eles planejam quanto tempo menos vai durar um celular, que logo vai ser substituído, eles devem perfeitamente levar em consideração para onde vai a montanha de lixo eletrônico! Existe um relatório do Greenpeace só sobre lixo eletrônico. Ele vai todo para pequenas cidades paupérrimas da Índia e da China. Tem fotos. E desempregados paupérrimos derretendo esse material e recolhendo minério que tem valor e evidentemente se contaminando, um trabalho completamente insalubre, sem controle, mas com o consentimento do poder local que acha que aquilo é uma oportunidade de negócio.
Então quando o engenheiro calcula do produto durar não 3, mas 2 anos, ele sabe que o lixo não vai pro quintal da casa dele e nem pro proprietário das ações do capital eletrônico para quem ele trabalha. Vai matar os pobres da Ásia. Contaminar com chumbo, cadimo.
Essa é a lógica da desigualdade.
Ela está presente nas políticas empresariais e, infelizmente, nas políticas governamentais que cada vez são mais condescendente com essa desregulação tanto do ponto de vista das normas sanitárias, quanto das normas urbanísticas, e das normas ambientais!
Você tem casos de área de manancial cujo traçado da legislação de proteção é alterado pra que uma multinacional se instale sobre ela. Quer dizer, o manancial continua no mesmo lugar. A lei que traça a área protegida MUDA por uma exigência de uma multinacional que quer ficar mais perto do Rio pra poder lançar seus efluentes, etc. Isso mostra que esse tipo de Estado está na mão das grandes corporações. Ao longo da neoliberalização do mundo, cada vez mais os sujeitos, ou os menos sujeitos que decidem sobre as políticas ambientais e urbanísticas são os grandes empreendedores. Eles que dizem que tem que alterar a legislação para que eles se instalem ali ou então eles vão pra outro lugar. Essa dinâmica da desregulação que fez com que nossas legislações ambientais fossem desfeitas. Ou estejam sendo desfeitas como no caso do código florestal, que é o exemplo mais gritante. E o comportamento do poder do agronegócio fica mais evidente quando depois das primeiras vitórias que obtiveram o representante principal desse grupo parlamentar veio dizer pra imprensa 'estamos apenas começando', rindo. Querem abrir as fronteiras totais em relação ao uso de agrotóxico, produtos químicos, e tal. Você tem uma fuga para adiante. O ciclo de vida das tecnologias no campo vão se abreviando e isso vai se transformando numa sobretecnificação. Quer dizer: o agrotóxico não faz efeito, aí você cria um outro agrotóxico com a transgenia. Você vai transformando o campo num espaço de experiências químicas perigosíssimas que vai expandir na saúde da população e, em primeiro lugar, dos próprios trabalhadores que lidam com esses produtos.
Qual o papel da Rio+20 nesse contexto?
A Rio+20 é pra criar imagem favorável junto a opinião pública. Essa é a intenção de governos. Cada vez mais vão querer dar a impressão de que algo avançou. Mas exatamente não sabemos o que. é o medo do fracasso. Principalmente o governo brasileiro que não gostaria de acolhe ruma conferência internacional que não leve a nada.
Mas algo considerável do ponto de vista social seria que colocasse limites no uso de recursos do planeta por poucas corporações que deles se apropriam.
A justiça ambiental:
A justiça ambiental dentro das cidades é construída quando você resiste a desregulação. Quando você resiste a imposição de uma siderúrgica poluente como se fosse um grande trunfo. Se quer que que receita pública seja obtida, emprego, mas que seja com tecnologias apropriadas, com respeito a saúde da população, e não acolhendo aquilo que foi rejeitado em países mais ricos.
Evitando também que todo evento modernizador ou grandes eventos como como a Copa e Olimpíada impliquem em remoção de populações. Ou, então, investimentos em certas áreas que vão acabar expulsando via mercado essas populações. Então, garantir justiça ambiental na cidade é impedir que aja transferência de recursos urbanos dos mais despossuídos para os grandes empreendedores que é o que tende a acontecer quando o estado não controla o mercado quando corre grandes eventos como a Copa. Tem que haver sempre uma proteção daqueles moradores para que eles não sejam expulsos direta ou indiretamente pela via da valorização do solo, né? Essa é a grande bandeira da justiça ambiental na cidade. Impedir que a especulação imobiliária ganhe as custas da remoção compulsória das populações.
Hidrelétricas:
A questão que é posta é "Para que q se faz hidrelétricas?". Essa é a questão que movimentos sociais acrescentam no que raramente aparece na discussão pública. A discussão é que: temos um apagão energético. Então, nós queremos saber: é um apagão energético para que e para quem, né?Porque várias barragens inundaram áreas enormes na Amazônia para alimentar a CIDADE com ar-condicionado, o que é algo discutível em termos de custo e benefício. E agora está a mesma coisa.
Vale a pena sacrificar grupos indígenas pra fornecer energia barata para as MULTINACIONAIS do alumínio? Era a mesma questão que se colocava para Tucuruí mas na época, em plena ditadura, essa questão nem podia ser aventada! Agora devemos explorar o espaço democrático.
Nós queremos saber PARA QUE essa energia elétrica e deixar claro que nós estamos optando em fornecer esse tipo de energia para esse tipo de empreendimento em detrimento de certas culturas. Temos que ver se isso vale a pena.
Não há apagão energético. Tem que saber sempre pra quem vai essa energia.
Porque via de regra ELA NÃO VAI para eletrificação das áreas rurais e populações abandonadas da Amazônia.
Vi um artigo do Delfim Neto na Carta Capital dizendo que os índios devem ser ouvidos, que realmente a legislação ambiental deve ser seguida, mas a barragem deve ser feita de qualquer jeito e sem colocar essa questão: PARA QUÊ?
As alternativas:
São outras formas de energia, a limitação do consumismo e não atrelar os grandes projetos aos requisitos de acumulação das grandes multinacionais.
O papel do Estado é acolher os anseios democráticos da população. Por exemplo, de manter sua diversidade social. De não expulsar grupos quilombolas pra fazer hidrelétrica. Por exemplo, lembro de outro artigo de jornal em que uma figura importante do setor elétrico dizia: 'Estamos produzindo mais efeitos estufa por causa dos quilombolas da madeira. Os quilombolas da madeira são responsáveis pelo aquecimento global porque eles estão problematizando a construção das hidrelétricas da madeira.' Isso eu acho uma perversidade. Isso estava escrito no Globo.
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Um vídeo pra somar continuando esse papo de "pra onde vai o lixo":
Fonte: Social Fly
http://www.socialfly.com.br/videos/91-as-pessoas-precisam-ver-essa-coisa-terrivel-que-a-gente-causa-e-poucos-sabem-a-respeito
Um vídeo pra somar continuando esse papo de "pra onde vai o lixo":
Fonte: Social Fly
http://www.socialfly.com.br/videos/91-as-pessoas-precisam-ver-essa-coisa-terrivel-que-a-gente-causa-e-poucos-sabem-a-respeito
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