sexta-feira, 10 de maio de 2013

Kim Phuc, a menina do Napalm, Vietnam, 1972

Sobrevida

Kim Phuc, a menina do Napalm:
hoje, e há 40 anos atrás, em junho de 1972.

"Em 1972, os americanos lançaram uma bomba de napalm no meu povoado, no sul do Vietnam. Um fotógrafo, Nick Ut, tirou uma foto minha fugindo do fogo, a foto que hoje é tão famosa. Lembro-me que tinha 9 anos, era apenas uma menina. Naquela noite, nós do povoado havíamos ouvido que os vietcongues estavam vindo e que eles queriam usar a vila como base.

Então, quando já era dia, eles vieram e iniciaram os combates. Nós estávamos muito assustados. Lembro-me que a minha família decidiu procurar abrigo num templo, porque nós acreditávamos que lá era um lugar sagrado. Nós acreditávamos que, se nos escondêssemos lá, estaríamos a salvo.

Eu não cheguei a ver a explosão da bomba de napalm; só me lembro que, de repente, eu vi o fogo a cercar-me. De repente, as minhas roupas todas pegaram fogo, e eu sentia as chamas queimando o meu corpo, especialmente o meu braço esquerdo.

Naquele momento, passou pela minha cabeça que eu ficaria feia por causa das queimaduras, que eu não ia mais ser uma criança como as outras. Estava apavorada, porque de repente não vi mais ninguém perto de mim, só fogo e fumaça.

Eu estava a chorar e, milagrosamente, ao correr, os meus pés não ficaram queimados. Só sei que comecei a correr, a correr, a correr... Como meus pais não conseguiriam escapar do fogo, decidiram voltar para o templo e continuar abrigados por lá. Então, eu atravessei o fogo.

O fotógrafo Nick Ut levou-nos para um hospital das redondezas. Assim que ele nos deixou lá, foi para uma sala escura revelar as fotos. Depois, disseram-me que eu e as outras pessoas feridas seríamos transferidas para o hospital de Saigão.

Dois dias depois, meus pais encontraram-me no hospital, onde passei 14 meses. Os médicos fizeram 17 cirurgias para curar as queimaduras de primeiro grau. Metade do meu corpo ficou queimada.

Aquele foi um momento decisivo na minha vida e, a partir daí, comecei a sonhar em como ajudar outras pessoas."

Kim Phuc é mãe, vive no Canadá e é Embaixatriz da Boa Vontade da UNESCO.



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