Sobre o vídeo veiculado pela Jout Jout sobre A parte que falta".
"Não há partes que faltam.
Não há falta!
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Essa semana um vídeo ganhou grande notoriedade nas redes sociais um vídeo da youtuber Jout Jout Prazer sobre o livro A parte que falta do americano Shel Silverstein.
O vídeo está entre os mais vistos da semana com quase 3 milhões de visualização no youtube.
https://www.youtube.com/watch?v=GFuNTV-hi9M
O vídeo tem uma beleza singular e traz em sua linguagem simples uma história que nos pôs a pensar.
No entanto, cabe-nos pensá-lo de outra maneira. Não como simples discordância, mas como forma de ampliar as maneiras de ver a situação.
Partimos do pressuposto de que não há falta, que nada falta ao desejo.
Diferentemente de algumas linhas psicológicas e psicanalíticas que dizem que a falta nos constitui, que somos movidos pela falta.
Ou como diz o vídeo: a vida como uma "grande preencheção e despreencheção de buraquinhos"
Há dois casos:
Uma suposição de que há uma completude e que nesse sentido, a falta precisa preenchida para alcançar essa completude. Nesse sentido, o vídeo é bem oportuno em combater a ideia de completude.
No entanto, o contra-argumento dado é que sempre vai faltar, que sempre viveremos sempre preenchendo, despreenchendo.
Todavia, partimos da ideia de que não há nem ideia de completude, nem falta a nos mover.
Nosso desejo é movido pela produção incessante de realidades.
Nosso inconsciente não é uma região cheia de buraquinhos...
Não há relação desejo-objeto. O desejo a objetos é uma grande ilusão que nos coloca sempre numa posição do negativo, daquele que precisa de algo ou alguém para preencher.
No entanto, vemos à luz de Nietzsche-Guattari-Deleuze de uma outra maneira.
Nosso inconsciente é como uma usina que sempre quer produzir maneiras de existir, independente de falta, de objetos: lidos como ilusão que obstaculariza a expandir nossa potência, por crermos numa dívida inalcançável que sempre nos paralisa com a impressão de: "Falta algo", "Falta alguém"
Visões que sempre nos colocam numa condição de afastamento de nossa potência.
Nossa potência sempre se expande, a não ser que algo busque impedi-la. Algo como a ilusão de falta.
O psicólogo da youtuber a disse que ela tinha "um problema com a falta", no entanto o problema é a FALTA. A produção de ilusão de falta na subjetividade, para que sempre se tenha uma dívida. Como ocorria com os padres e hoje ocorre com os saberes psi.
Nossa subjetividade é constituída pela multiplicidade. Coexistem em nós diversas maneiras de ser.
O que nos move não é a falta e sim o DEVIR.
Não a busca por preencher!
Mas o movimento de sempre tornar-se múltiplo, de expandir nossa potência de existir.
Onde os encontros podem aumentar nossa potência ou reduzi-la. Mas que não PRECISAMOS do OUTRO para nos preencher.
Dessa forma, não vemos a falta como um motor, mas como um impedimento do movimento de nossa potência sempre produzir a multipliSIdade."
Fonte: Esquizografias (Face)
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1818923214793336&id=997150653637267
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