sábado, 11 de abril de 2015

Palestra sobre abuso sexual de crianças e jovens q fui



Palestra sobre abuso sexual de crianças e jovens q fui hj


(Algumas considerações... e a minha pressa!)

Sei q é importante problematizar. Sei q é um assunto a ser introduzido com calma. Sei que a argumentação tb faz parte da transformação que precisamos para romper com uma tradição de silêncios na qual se apóia o abuso de crianças e jovens, mas há mais a ser feito. Temos q ser mais propositivos.

Achei mt interessante e polêmico abordar tb a pessoa q abusou como sujeito de direitos rompendo uma série d lógicas em que se acha q a criança se entende sempre como vítima e acha q o outro é necessariamente mal. A realidade tb é q mts casos não são denunciados justamente porque essa pessoa q abusou é o provedor da família e "não pode" ser preso ("ruim com ele, pior sem ele). Ou porque a criança continua gostando da pessoa, não entende o q se passa e não sabe, e não quer destruir a família. Ou a criança não quer ir para um abrigo, aonde seria pior pra ela q terá sido excluída da família e não a pessoa q abusou dela. E como é difícil ter atitudes d proteção q não façam a criança se sentir culpada até pelo prazer q possa ter sentido. Como produzir resistência sem produzir trauma?

É mt importante pensar q medidas de punição não dão conta da série d pendências que deixa a prisão de uma pessoa da família. A mácula nos valores sabotados é uma delas, sendo considerada "exposição demais". Nesses casos a condição de classe é determinante. Em muitos casos d abuso em famílias abastadas, há condições financeiras para se afastar do abusador (ainda que isso não aconteça necessariamente) e são casos q não chegam na assistência , serviços esses q acabam só gerando dados sobre as famílias pobres.

Há mts casos em q é mais fácil abafar e naturalizar o q houve do q "expor a criança" a vergonha d ter sido abusada sem saber q é o abusador q tem q se envergonhar. É mais fácil esquecer do q tomar uma atitude sim em relação a situação ocorrida. Que atitude? Aí q acho q precisamos desenvolver! Há uma infinidade d casos. As provocações foram boas, mas temos q continuar.

Aí q fico estarrecida como parece suficiente só falar sobre tanta polêmica ao invés de vermos q movimentos já existem para combater isso e pensarmos o q podemos fazer de forma pessoal e coletiva. Não é possível pra mim, a cada dia q passa, ir a palestras desse teor q não sejam para o povo e sim sempre para os mesmos acadêmicos, os mesmos estudantes, os mesmos trabalhadores que não vão provocar uma sociedade só a partir das poucas pessoas q chegam a seus serviços.

Algumas pessoas pareceram não gostar quando instiguei a pensar em que atitudes já existiam de resistência nesse sentido. Falei sobre movimentos feministas, por exemplo. Chegaram a dizer q eu estava fugindo do foco da conversa, findado o debate. Se citar movimentos sociais (que são ou já foram exemplo) é fugir do foco então não entendo pra que se juntar em mais um espaço d bulinação teórica se já somos todos acadêmicos ou estamos na ponta do serviço e só expor insatisfações nos relatórios seria suficiente (qndo isso não gera, necessariamente, uma conclusão ou uma resposta diferente para o caso mais uma vez particularizado). Se pensar não comportar outras formas d engajamento, outro modelo d roda d conversa q não seja sempre direcionado para as mesmas pessoas, não sei pra que ir a certos espaços.

Citei o Movimento de Mulheres de São Gonçalo que tem o NACA ( Núcleo de Atenção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Maus Tratos em São Gonçalo) q trabalha recebendo denúncias de abuso sexual de crianças. Falei do limite de ação das prefeituras q com seus serviços precarizados e sem fazer autocrítica ou poderem dispor de melhores condições d trabalho jamais dariam conta da demanda dos casos d abuso. Que em serviços da área da assistência social como os que trabalham assistindo pessoas em situação de violação de direitos como o CREAS, eles jamais conseguiriam fazer trabalhos importantes d acompanhamento dos casos d abuso, pois atendem todo tipo de demanda (como problemas na área da saúde ou de idosos) e a um território mt vasto. Assim, seriam necessários projetos específicos dentro desses serviços para q o acompanhamento ocorresse. A população que deveria cobrar isso, mas , primeiro, ela precisa saber q ela pode cobrar e q eses serviços existem. E pra mim, isso passa por se organizar enquanto movimento social.

A advogada presente achava q todos nós ali éramos "a burguesia" e q a lei funcionaria para nós. Não. Não sou o Eike Batista e a lei não funciona pra mim nem se eu for concursada, pq podem me tirar do lugar q eu quero estar trabalhando a hora q quiserem independente de eu ter respaldo na lei ou não.

Mas, de fato, acho q fugi do foco e não propus "nada".

Por fim, ouvi uma opinião de alguém q dizia q eram em grandes fóruns e assembléias q se propunham coisas e não num debate de 3h. Falei q achava justamente o contrário: em grandes fóruns vc tem mts serviços de muitas áreas diferentes e pode propor coisas mais gerais a nível de política pública. Mas , na hora d fazer funcionar as políticas q já existem, quanto menor os espaços, mais se tem capilaridade para entender quais as demandas daquela região ou explicar isso para os estudantes que ainda estão se inserindo nesse campo seja como advogados, assistentes sociais ou psicólogos. Que a troca de experiências entre nós tb é fundamental.

(Daí q peguei o contato d um cara mt legal e vou lá conhecer o serviço dele q é um abrigo para jovens q já foram do comércio ilegal d substâncias e ele vai me mostrar como funcionar sem ser de forma prisional. Ponto pra nós! )

Tenho q aprender o momento d desistir...rs






(Palestra dada por uma vertente da ONG Homem Novo)




Repostas:



Ale
A babaquice academicista e intelectualóide me enoja. Lamentei não ter estado. Um beijo em ti (só pra pontuar, como teu corpo vem ganhando consistência nessa discussão!)


Felix:
sempre a questão. como fugir da punição como unica logica da justiça. como não individualizar uma questão onde as consequencias são de fato sentidas bastante no individual. Como apontar e intervir na produção e reprodução de violência/violação. reforço o que ale disse, bonito ver tudo isso ganhando consistência na sua pratica te espero na minha aula!!!

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