quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A gente transgride nu

A gente "transgride nu"... pq o q sabemos e o q podemos querer é limitado pelas próprias linhas q querem q nada mude.
Nào concordo com algumas coisas mas é sim uma possibilidade! 
Belezuras no txt!!

Maria Gabriela Saldanha
 Transalão? Tenho amigos militantes que se casaram com reaças, coxinhas, acomodados... Já vi muita feminista dizer "meu homem" com a mão suja de farinha de trigo, já vi muito marmanjo comuna se apressando pra pagar a conta antes de ela voltar. Já vi anarquista elegendo um poeta que melhor representasse tudo de doce que gostaria de dizer, não fosse o engasgo no dorso quente da noite. Todos já fomos presididos pelo amor acima das coisas, das horas, das convicções. A gente transige nu porque não é de outra substância o encontro dos encontros; é sabido que há uma jurisdição das transparências, e sem requisito de classe, escolaridade ou etnia o diálogo que nos faz habitar uns nos outros. Sabem quando o arrepio evidencia os poros porque outro mundo toca o seu? Todo poder emana dos dedos, que o exercem diretamente, por meio do desejo. Essa é a lei. O espaço sagrado das peles é a terra primeira, aquela sobre a qual não se adianta ter posse, mas com alguma sorte ela se oferta em plantio. Pode apostar que não há discurso citando "banco" sem que a imagem imediata não envolva uma praça, um convite ao beijo, ao pássaro, ao entardecer de leve; nem há resistência que não dê por irresistível a medida provisória do lábio ao pescoço. O que pode ser mais justo que corpos ajustados? Há um lugar que despe as burocracias dos povos e só deixa o outro, nada mais onde se possa segurar. Revolucionam-se umbigos, pêlos, pernas, salivas e vozes. Nesses desgovernos é que somos mais dignos e iguais do que nos permite o sonho. Nesses desgovernos mútuos é que, finalmente, caminhamos em paz.








Nenhum comentário:

Postar um comentário