quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Memória das rebeliões e brincar!...

"Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca."

Eduardo Galeano


"Os pensadores anarquistas integrais desses tempos antigos, se os houve, são desconhecidos. É, porém, característico o fato de que todas as mitologias conservaram a memória de rebeliões e, inclusive, de lutas nunca terminadas de uma raça de rebeldes contra os deuses mais poderosos. São os Titãs que assaltam o Olimpo, Prometeu desafiando Zeus, as forças sombrias que na mitologia nórdica provocam o "Crepúsculo dos Deuses" e é o diabo que na mitologia cristã nunca cede e luta a toda hora dentro de cada indivíduo contra o bom Deus, e é esse Lúcifer rebelde que Bakunin tanto respeitava e muitos outros.

Se os sacerdotes que manipulavam esses relatos tendenciosos com interesse conservador não eliminaram esses atentados perigosos à onipotência dos seus deuses é porque as tradições que lhes serviam de base deviam estar tão arraigadas na alma popular que não se atreveram a fazê-lo e apenas se contentaram em desfigurar os fatos insultando os rebelde ou imaginando, mais tarde, interpretações fantásticas para intimidar os crentes. Tal fez, sobretudo a mitologia cristã com seu pecado original; a queda do homem; sua redenção e o juízo final. Essa consagração e apologia da escravidão dos homens, das prerrogativas dos sacerdotes como mediadores e essa postergação das reivindicações de justiça para o último limite imaginável, ou seja, o fim do mundo. Por conseguinte, se não tivesse havido sempre rebeldes atrevidos e cépticos inteligentes, os sacerdotes não se teriam dado tanto trabalho."

M. N.

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