terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Higienismo 2013 - Sul do Brasil!

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████████████████ "Na praia de Canasvieiras, em Florianópolis, "pico" de adoração dos turistas argentinos e da "classe média" brasileira ascendente, os moradores da região estão montando protestos contra pessoas em situação de rua. Os incomodados levantam bandeiras da seguinte ordem: "Estamos tentando limpar a praia para a chegada do turista. Isso está queimando nossa imagem", diz um dos organizadores à Folha de São Paulo.

O protesto contra a presença de mendigos nas praias luxuosas de Florianópolis pode ser chamado, com todo o sarcasmo possível, de ativismo de umbigo. Trata-se de um pensamento individualista e não sistêmico. Ir às ruas contra a presença do alvo de aversão da sociedade - mendigos, indigentes, não pertencentes ao padrão estético e social esperado, não é originalidade de certos catarinenses, como não é medida inédita nem no Brasil, nem no Mundo, em toda a História.

Somente nos últimos cem anos, dos Guetos de Varsóvia às medidas de higienização dos Centros de São Paulo e Rio de Janeiro, perturbar quem não tem pra onde ir – e em "local que não deveria estar" - é uma medida política clássica, variando apenas suas formas: fuzilamento, prisão, internação compulsória, despejo em regiões diversas, variando, portanto, conforme a criatividade humana.

Caso formos mais longe na história, encontraremos a pena de degredo nas Ordenações Filipinas – Leis Penais do Brasil Colônia. A pena de degredo consistia no afastamento compulsório de Portugal por certo tempo ou por toda vida para o “Quinto dos Infernos”. Entre os crimes, judeus e mouros andarem sem documentação, vadiagem, etc.

Voltando ao presente, é do ano de 2011 a pressão de moradores da Região de Higienópolis contra a construção de metrô na região, por receio de que pudesse atrair “gente diferenciada”. Como esperado, o governou atendeu aos anseios dos protestantes por uma rua com pessoas mais bonitas e mudou o endereço da estação.

O ódio social, ao que não tem sequer teto para dormir, ao negro, ao nas palavras de Caetano “quase brancos quase pretos de tão pobres”, não tem sido objeto de incompreensão pelo Estado. Pelo contrário, tudo o que se fez, ao longo de toda história, foi tentar cumprir as determinações dos adeptos da eugenia.

Portanto, protestar contra a presença de mendigos é o mesmo que protestar por violência policial, por mais machismo, mais prisão. É protestar pelo mais do mesmo. É, nas prováveis palavras da elite, muito 'over'."


Fonte: Advogados Ativistas
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