sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Anarcomacho

"Vamos resolver aqui e agora, porque agressor de mulheres não marcha do meu lado! Quando é a polícia que bate, todxs se mobilizam e é considerado totalmente legítimo que a vítima da opressão policial revide. Mas quando é um colega militante que bate em uma mulher, as pessoas se calam. "

"Não importa se você está com uma bandeira do anarquismo e eu sei que temos inimigos em comum: mas a partir do momento em que você, homem, bate em uma (e, no caso, mais de uma) companheira, não estamos mais do mesmo lado. O nosso opressor é a polícia, o estado, o capital: e VOCÊ também."


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Texto na íntegra:


Você pode ser de esquerda, direita, centro. Pode estar na manifestação, na rua, na casa da vizinha, no trabalho, no ônibus. Não importa. Machismo não passará impune. Nenhuma agressão contra as mulheres será esquecida! Não importa se você está com uma bandeira do anarquismo e eu sei que temos inimigos em comum: mas a partir do momento em que você, homem, bate em uma (e, no caso, mais de uma) companheira, não estamos mais do mesmo lado. O nosso opressor é a polícia, o estado, o capital: e VOCÊ também. E você vai rodar, querido, juntinho com todos esses outros que eu citei.

O que aconteceu foi que durante a passeata de sexta, 20/12, contra o aumento das tarifas de ônibus no RJ, um manifestante agrediu uma manifestante. Diante disso, o que ouvi foi que "ah, briguinha boba, depois resolvem". Depois eu soube que não era briguinha boba nada, era violência contra a mulher. Acho incrível o quanto se banaliza um tipo de violência que mata quinze mulheres todos os dias. Seguiu-se um escracho ao agressor, Felipe Braz, onde nós, mulheres, queríamos que ele saísse da passeata. Nesse momento, inclusive, ele deu um soco no rosto de uma outra manifestante. O que ouvimos foi:



"A passeata não pode parar", "não podemos brigar entre nós", "resolve isso depois". Não! Vamos resolver aqui e agora, porque agressor de mulheres não marcha do meu lado! Quando é a polícia que bate, todxs se mobilizam e é considerado totalmente legítimo que a vítima da opressão policial revide. Mas quando é um colega militante que bate em uma mulher, as pessoas se calam. "Resolve no diálogo", "você está com os nervos a flor da pele", meu, militante anarquista dizendo para resolver "no diálogo"? Desde quando milênios de anos de opressão se resolvem "no diálogo"? Por que quando o cara militante é o oprimido a ação direta é justa e legítima, mas quando ele é o opressor se vem logo com esse discurso de pacifismo?

Por fim, o agressor e outros militantes que estavam em sua defesa (nota: maioria de homens, somente uma mulher) disseram para resolver na delegacia, e não ali. Delegacia que, por sinal, só serve para oprimir mais ainda as mulheres (outra nota: http://revistaforum.com.br/blog/2013/07/sp-policiais-da-rota-sao-indiciados-por-estupro-e-tortura-durante-reintegracao-de-posse-no-pinheirinho/).

Anarcomachista, você também vai rodar!
Mexeu com uma, mexeu com todas!

(Vale lembrar que: o tempo inteiro, em todos os momentos em que tive o desprazer de encontrar o agressor, os policiais o defendiam e debochavam, junto com o agressor, das pessoas que exigiam que ele se retirasse - um belo quadro para mostrar quem está ao lado de quem.)




Fonte: Maria Inês (facebk)

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