quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O grito

O grito

Logo eu, que não gritava. ALTO eu falava. Que achava horrível OUVIR as pessoas brigando. Logo eu que me segurava. Mas eu me segurava não pra não gritar , porque eu não sabia gritar. Eu me segurava pra não ferir. Me arrependia quando feria. Nunca dá pra atingir uma pessoa só ou eu podia ser melhor do que aquele método.

Gritar era coisa de "favelada".

Cotiadianamente penso em como me defender. Que eu não sabia gritar se fosse preciso.  E se eu precisasse gritar e não só falar alto? E se eu precisasse... ferir? Qual a função dessas ações nessa sociedade?  Eu estaria tão distante dessa necessidade se perambulo por tantos cantos?

Foram 13 situações de assalto. E se eu precisasse gritar pra me defender?

Mas hoje assaltaram minha paciência. Algo nítido pela roupa que eu saí (calça, tênis, mas com uma blusa transparente e aberta nas costas). Homens me chamando e me olhando o tempo todo.

Ignorar
Ou
Reagir?

Eu achava horrível OUVIR as pessoas brigando. Mas elas também brigam no baixo.
Oprimem baixinho.
O tempo TODO.
Ferem com uma aparente edução.

(Quando é alguém que amamos, aquele que deveria ser mais que namorado, teu parceiro, dói muito mais!)

Se bolinam dentro dos seus ouvidos como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Analisei a conjuntura, concluí: Eu não ia deixar esse omi fechar o século fazendo isso!

Reagi. Gritei. Expus dois idiotas. Um era um velho que ainda me encarou ainda por cima quando eu olhei pra trás. Ah mas eu voltei.

"Quem você pensa que você é?
Nessa idade?
Não tem vergonha não?
Não tem filha?
Não tem neta?
Não tem mulher não?
Tá muito enganado se acha que vai ficar mexendo com os outros na rua.
São outros tempos.
Seu nojento. Sem vergonha."

A mulherada na rua me apoiou.

Tem como fazer isso sem perder a paz?
Mas olha... que paz.

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