quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A saudade é sempre pontual - Claudiane

"É! Ela era bem brava! Tinha umas opiniões bem revolucionárias. Falava mt bem d vc".

É o tipo d coisa q eu ouço falar d mim (como um defeito!), mas não era de mim. Era o marido de Claudiane falando dela pra mim após o culto da despedida. Pequenos grandes e inesquecíveis momentos dessa vida! 
Em memória de Claudiane. 

Uma das poucas pessoas pra quem eu podia manifestar minha opinião e ser algo construtivo já q fazia parte do nosso trabalho!


  • A saudade é sempre pontual.

Se o mundo parasse uma semana a cada LUTO talvez tivéssemos tempo para tudo. A vida seria mais importante e morrer, mais grave posto q hoje é banal. Tem pessoas q nem uma perda sua respeitam. Lembro q me forçavam a me mudar d república msm com a morte d um tio meu, msm sem q tivesse havido nenhuma briga, mas sim diferenças mt bem ditas de rotina. As pessoas "maravilhos...as" tem doses infinitas d indiferença. Não é ser paralítico uma limitação. A limitação é sempre da sensibilidade. Senão uma pessoa com 10 pernas seria a mais feliz... e não! 

Uma morte! Banal para as estatísticas, mas n para o coração q volta ao trabalho no dia seguinte.

Se tivéssemos tempo, lidaríamos com a morte ao invés d não aceitá-la, ter q esquecê-la ou achar q ser forte é não sentir nada. Não haveria o falso movimento de nos mantermos ocupadAs durante o dia para chorarmos sozinhAs as madrugadas.
(Ei, menino, se identifique porque a pena da morte nao é feminina, feminino, masculina ou masculino: é tudo mais. 
Obs.:Não preciso usar o gênero masculino para generalizar o q sinto! Generalizar não entra em contradição com sermos singulares tb!)

A morte é como a noite sem a luz no fim do túnel. A luz está difusa e distante onde as pessoas ainda estão acordadas. Vc, mesmo preparada, não está pronta: come e dorme normalmente (o q em caso de ter sido surpreendida nao faria,, posto q estava preparada); sonha e acorda como nunca achando q liga quem não te atende mais a não ser pelas amadas lembranças.

Estou viva assim como o relógio q precisa de corda, como os ônibus estão cheio de manhã e as casas das amizades cheias de tarde. Vivo com saudade e com um amor inesgotável q entristece msm sem ser triste.

Queria não só a roda de oração, mas acolher cada palavra das pessoas naquela hora. Mas a rotina é msm essa e costumam achar q o melhor é assim. Bom tb. Somemos outras rodas.

A morte tem interpretações bonitas de missão cumprida, mas ninguém aceita morrer. Quem deseja morrer, temos como desvairados ou tristes. Um "veio a vida e não gostou". Aos q sobreviveram dizemos "graças a deus", aos q morreram dizemos "foi com deus". Mas na verdade não seria tudo a mesma graça? A morte carrega um horror q não é se aproximar do caixão q vai mudá-la, numa experiência só de desespero e de dor. É um esforço diário. Pessoal, coletivo, constante. É sobrevivendo todos os dias, poupando e ajudando os q sentem as faltas mais fundamentais. (É ir além de nós, tocar na terra e lembrar q somos natureza e chão). É não tratar quem sente a falta como uma pessoa arruinada, mas como alguém q vai fundar uma nova força! (Alguém q continua dando flores depois do outono ou uma floresta q aproveita as queimadas).Que sabe falar mais uma língua e vai fazer parte de mais um país!

Como já dizia minha vida: não estamos nessa para sermos recompensadas. Cada dia é uma vitória!

E disseram: por isso sempre devemos deixar as pessoas com palavras boas. Só desisto qndo a missão é realmente impossível. Eis aí uma missão viva, constante, coletiva.

Além do mais, o q é isso q nos avisa que alguém não vai voltar? É o amor, com certeza. Que te prepara pra preparar e sustentar quem precisar. É um aviso q corrói o tempo e mesmo conhecendo pouco alguém te permite estar avisada. Estar preparada. É mais uma missão.

[ Em memória da querida assistente social (e muito mais!) Claudiane Silveira. "Os bons morrem jovens". Sinto falta do q não tínhamos pensado ainda em fazer. Vou realizar os nossos planos!! Se eu era brava (ou só a chata! Rs) qnto ao meu destino em sala d aula, no campo de batalha proletário vc foi a prova de q eu n estava sozinha! De q tem gente maravilhosa afim d se importar! Luto é o seu verbo do presente!!]

Nenhum comentário:

Postar um comentário