domingo, 12 de março de 2017

Sobre "Games de violência"

João Miranda e David Oliveira

Sobre "Games de violência"

Gente olha que legal!
Eu estava criticando games de violência porque fui uma dessas crianças "viciadas"(psicologicamente) e que ficava com raiva da pobre da mãe que tentava educar e dosar. Porque é muito difícil as crianças quererem jogar algo diferente da moda violenta , por mais que existam alternativas.  E acho que o vídeo game podia ser algo muito potente, mas acaba não sendo.

Olha o que me responderam. Precisamos reforçar essa galera alternativa até que sejam a regra! ♡

Edit: [João Miranda e Jota Frost são artistas gráficos que analisam seu compromisso com essa questão!♡]

1 == João Miranda:
"Su, compreendo a sua linha de pensamento e compreendo suas preocupações sobre como essa cultura é apreendida

Tem um movimentos de game designers independentes que buscam jogos que envolvem:

- narrativas muito pessoais como:
= gone home e
= that dragon cancer;

- foco na solução de puzzles:
= the witness e
= FEZ;

- [tem], inclusive, jogos com violência que discutem...a violência:
= metal gear solid 3 e
= spec ops: the line;
mas eu vou entender que não é o conteúdo que vc queira chegar perto. Mas ele faz esse check de consciência com o jogador;

a questão é: quantos filmes envolvem matança e fazem uma alta bilheteria hoje em dia? quantos livros envolvem matança? podemos continuar esse jogo de comparação e estigmatização das mídias à tarde toda. Isso é uma constante da sociedade, nem sempre popularidade é a definição de um meio (mas sim, importa MUITO o que esse meio produz e como ele produz.)

Os games como mídia ainda é MUITO recente, ainda mais como mídia que se leva à sério não só como narrativa, mas também como elemento formador da cultura atual, não só cultura pop, mas como definidor das práticas dessa geração.

eu não espero uma revolução pra ontem e tão pouco espero uma mudança completa de paradigmas. Mas tem alternativas sim, a questão é o quanto as pessoas vão produzindo com essa consciência de que estão e o quanto afetando a nossa sociedade atual."

Gente tá rendendo o debate.
E ninguém veio me atacar pessoalmente. Estão só dando alternativas legais. A galera do pretenso "debate político" tem q aprender MT com esse pessoal q debate jogos alternativos. RS

Vou colar comentários do debate aqui. ♡

2 ==Bomulus Recky

= Feminist Frequency
https://www.facebook.com/femfreq/
"
Pra conhecer algumas alternativas tem uma serie de vídeos do Feminist Frequency de tropes em video games, o foco é a leitura feminista, mas isso tb passa por outras formas de solução de conflito que não sejam a violência."

3 ==JOÃO MIRANDA:

"mas olha, eu to realmente pensando nessa relação do entretenimento e a violência. Eu vejo como ainda engatinhamos como meio pra sair da necessidade da violência pura como solução narrativa de problemas ou games como ferramenta de empatia. Saimos de uma era muito obscura de violência descabida e zero questionamento sobre os meios, estamos entrando em algo melhor que talvez, ênfase no talvez, se consolide nos próximos 50 anos ou mais. Assim como os filmes, os games tendem a se especializar e desenvolver como um meio diverso de assuntos e possibilidades."

= Depression Quest:
você pode entender como a mente de uma pessoa depressiva funciona em:
 Depression Quest, à exemplo.

= flight, truck, train e etc simulators:
Você pode experimentar a sensação de mexer em controles de um veículo que você nunca poderia ter na vida nos flight, truck, train e etc simulators ,

= Sim cities da vida:
você pensa em administração ao jogar sim cities da vida e por ai vai.

= Minecraft:
E nem começo a falar do Minecraft, que apesar de ser um jogo que ainda tem elementos de ação, é uma enorme caixa de areia de criação, interação e envolvimento . Inclusive permitindo lógica de programação pra realizar coisas altamente complexas - como um grupo de alunos que reproduziu no jogo a usina de itaipu inteira E FUNCIONANDO, com comportas que poderiam ser abertas e fechadas a qualquer momento, pra dar um exemplo mais pé no chão

Mas acho que a questão agora é também como gerar engajamento com outros elementos do mundo real através dos games. Na verdade, daqui a alguns anos esse vai ser O desafio"

4 == David Oliveira
"Olha, eu até concordo que tem jogos que não ajudam em nada e podem ser prejudiciais, mas preciso esclarecer alguns pontos para você.(...)"

"Existem jogos violentos e existem jogos lindos que ensinam PAZ de um jeito que nenhum filme e nenhum livro JAMAIS vai conseguir ensinar (Vítor sabe de qual jogo eu to falando xD). Existem jogos que ensinam sobre psicologia fazendo você viver o personagem que possui um transtorno mental, de forma que você se envolve a tal ponto, que é muito difícil não aprender a ter empatia por pessoas em geral. Existem jogos que ensinam a nunca desistir, que ensinam o valor do esforço, que ensinam o amor, que ensinam a paciência, que ensinam  o altruísmo. E todos eles possuem uma vantagem fundamental sobre livros e filmes.

Jogos possuem gameplay que faz você vivência de forma muito mais envolvente uma experiência interativa que os filmes e livros não podem jamais ser capazes de proporcionar. Tem jogos ruins? Sim, absolutamente, mas não se pode condenar toda uma cultura porque existe alguns jogos que o cara não pensou muito bem na hora de fazer. É como proibir todas as músicas porque existem alguns baile funk ruim. (...) Sobre os jogos que são só sobre matar, imagino que boa parte deles são mal interpretados. Alguns jogos tentam ensinar sobre a violência, mostrando a violência de forma auto-consciente, fazendo o player pensar profundamente sobre a violência. Infelizmente a indústria é movida a dinheiro e muitos jogos são feitos apenas para agradar os gostos dos jogadores, mas lhe garanto que já faz um belo tempo que isso está mudando. Vou deixar com você uma lista de belos jogos que valem muito muito muito muito a pena jogar:

= Ico (ensina sobre amizade e amor)

= Undertale (ensina sobre amizade, determinação e PAZ)

= The Last Guardian (ensina sobre amor da forma mais geral)

= Journey (ensina a ter paciência e sobre identidade pessoal)

= Abzu (isso aqui é uma obra de arte magnífica)

= Life is Strange (ensina sobre amizade e sobre inevitabilidade, é muito importante esse jogo)

= Read Only Memories (ensina sobre diversidade da forma mais genial)

= The Witness (ensina sobre vício e obsessão da forma mais genial)

= FireWatch

= Between and the Night

= To the moon

= Owlboy

Se alguém jogar todos esses jogos (até o final) em sua fase de crescimento, eu tenho certeza que esse alguém será uma pessoa maravilhosa e fantástica quando crescer. Esses são só os que eu lembro de cabeça sem pesquisar."

5 == Jota Frost

"Olha só, vou usar o filme Laranja mecanica como exemplo, é um filme feito pra se refletir, ele tem um peso social importante, mas a maioria do publico que eu vejo, endeuza a hiperviolencia e se diverte com a psicopatia do personagem principal sem entrar a fundo nas questões prioritárias do filme.  Isso desqualifica laranja mecanica como uma boa ferramente social?  Não. O filme tropa de elite tbm tem um peso importante, que ficou como pano de fundo pra maioria se divertindo com os policiais torturando criminosos. e por ai vai.

(...)

= Assassins creed
 é um jogo sobre assassinato, muita gente joga pra matar e rir,  ok.
Tbm é um jogo com uma filosofia do caralho, com conteúdo historico Rico, com reflexões politicas e religiosas que ajudaram a moldar até a minha forma de pensar sobre.

= Mass Effect
 é um jogo onde vc usa armas e mata alienigenas e pessoas tbm.
E que tbm se aprofunda muito bem em discussões sobre sexo, religião, racismo, sobre mitologia e distorção da fé e ciência em nome do controle de massa.

'Você pode ajudar as pessoas, e fazer o bem, ou você pode trair seus aliados e até exterminar planetas inteiros, e nada disso rola sem consequecia e sem um debate posterior.'

= GTA
O Meio não é diretamente responsável pelo que as pessoas querem tirar dele.  Eu vou deixar aqui como exemplo GTA.
Se vc jogar GTA, vc vai ver que a historia do jogo não te incentiva a matar gente inocente. mas a mecânica do jogo te dá a liberdade de fazer o que bem entender, e as pessoas vão lá e atropelam idosos no meio da rua porque querem.

Acho que as questão são muito além dos jogos.  Se existem jogos pra satisfazer a necessidade de vioência das pessoas, não são os jogos que criaram a necessidade, mas estão lá pra supri-las, a fonte desse comportamento é social e não o produto, precisamos tratar isso de uma forma eficiente. (...)"

6 == Jota Frost

"Video game não é só jogo de ação,

Tem jogos de esportes, jogos de olimpiada, jogos de quebra cabeça, de corrida, de exploração, jogos de  contruir cidades, casas, jogo de moda, jogo de arte,  tem até jogos onde vc pode lutar sem nunca matar ngm e isso muda toda a experiencia de jogo.
(...)

= Fable
Alguns jogos inclusive usam uma mecanica onde as suas ações, boas ou más, definem o caráter do seu personagem e como consequencia o destino dele, como por exemplo "Fable",  que dá pra zerar sendo apenas uma boa pessoa, ou sendo um babaca."

"= Undertale
Tem ainda um jogo que é extremamente popular chamado undertale, onde você não precisa ferir ninguém pra zerar, todos os combates podem ser resolvidos pacificamente com diálogo, assim como você pode ferir todo mundo no seu caminho, e a diferença é que sem ferir você só faz aliados, e segue um caminho pacífico que te leva pra um final melhor, e quando você é um assassino você perde todos os seus aliados e tem um final horrivel.

David Oliveira:
"o criador do undertale fez o jogo sozinho. Desenho, programação, trilha sonora (é linda), tudo"

7 == João Miranda e uma experiência ruim com o LOL

"David, eu ainda vou além - e essa vai ser uma porrada meio feia em tudo que falamos aqui - as pessoas são agressivas e buscam SER agressivas nas suas comunicações.
eu fiz uma partida de LOL pra nunca mais por conta do tratamento entre as pessoas. É uma vitrine do pior entre as relações pessoais, como misogenia, racismo e afins.
A riot - empresa criadora do jogo - tá tentando resolver isso com ações de todos os tipos, seja pelas redes sociais, seja por coisas no jogo como tribunal de atitudes, de incentivar jogadores gente boa e até quadrinhos com momentos legais dos jogos.
o que faz um outro link pra mim: isso é muito mais em como as pessoas dialogam no dia a dia, como elas entendem as relações entre elas. Então o jogo pode ser a ferramenta - se todo mundo tiver a preocupação da riot - de mudar essas relações tóxicas ou de catalizar esse tipo de comportamento.

Mas pelo número de pessoas que conheço que jogam e são altamente centradas, acho que ainda sim, dá pra ter uma boa convivencia lá.

eu é que não volto mesmo :/"

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