sábado, 25 de novembro de 2017

Não venha por aqui. Mas se eu digo venha...

Não venha por aqui.
Mas se eu digo venha...
Quando se perdesse procuraria suas origens nos eslavos, talvez iranianos. Era uma força indígena também que desejava adicionar a essa caça. Cigana. Muitos julgariam sua busca folclórica, como fazem com toda realidade da qual precisam duvidar pra manter seus mundos estáveis. Sedentários como seus corpos, que não mais ousavam dançar sequer de pé, que dirá deitados. Em breve, não seria mais de lugar nenhum. Se encontraria aonde estivesse. Flutuaria sobre a terra evitando muito tempo no espaço apenas por estar presa pelos fios de seus afetos mais fortes que reteria em algum lugar de si mesma, como nada mais.
Do que você tem medo?
Quando escureceu, não tinha mais o limite entre si e o entorno. Como qualquer coisa que a continha, ia. Era agora tudo: nômade. Um pouco bicho, um pouco líquido, um pouco rude como o roçar do trem nos trilhos de minérios que cortavam as madrugadas e os dias de sua antiga cidade. Ia sempre com o trem no pensamento e nunca chegava. Nunca partia. Agora ia. Pôde se identificar com as sombras de outras coisas posto que não tinha mais a sua, ou seu reflexo. Era a própria penumbra, o próprio espelho simultaneamente. Se embrenhava de coisas em coisas, de pessoas em pessoas, de astros em astros, de eletricidade em eletricidade, aprendendo de par em par sobre como é ser cada uma delas. Não tinha mais razão. Tinha agora todas as histórias dos mundos...

S.

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