Fragmentos:
"As regras simples criadas por Marc em 1986 permanecem. Não vale usar figurinos, acessórios, cenário ou acompanhamento musical. A poesia, que deve ser autoral, precisa ser recitada em até três minutos."
Em 2008, apaixonada pelos embates depois de uma viagem aos Estados Unidos, Roberta resolveu trazê-los para o Brasil e organizou em São Paulo o primeiro slam. Foi um sucesso. “As pessoas estavam esperando um espaço de diversidade como esse”, diz ela, comemorando o aumento das slammers.
O longa-metragem Slam – Voz de Levante, que Roberta dirigiu com a documentarista Tatiana Lohmann, levou dois prêmios no Festival de Cinema do Rio, em outubro.
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“Em livrarias, quando anunciam leitura de poesias, começa a dar uma esvaziada. Muitos fogem”, observa Roberta. Tudo diferente do que vem acontecendo em bares, casas noturnas e espaços culturais onde as batalhas são realizadas.
- Temas:
" 'Os slams mostram que a poesia não é coisa de livro nem está restrita ao que a gente aprende na escola. Pode abordar temas relacionados a nossa cultura e à atualidade, como o combate ao machismo', acrescenta a atriz e roteirista paulistana Maria Giulia Pinheiro, 27 anos, que participa dos combates desde 2013.
Boa parte dos slammers está sedenta para se posicionar sobre temas como racismo e privilégios de classe. Não que falte o eu lírico sofrendo por amor, claro. Há embates específicos sobre a dor e a paixão, além dos focados em determinados perfis, caso do grupo paulistano Slam do Corpo, formado por surdos e ouvintes que se apresentam ao mesmo tempo falando e interpretando em libras.
“Faz muito sentido que as vozes geralmente silenciadas queiram aproveitar essa oportunidade”, opina. Nos livros da escola, assim como nos espaços de poder como um todo, a voz predominante é a do homem branco heterossexual, mas não é assim nos slams, que colocam o microfone na mão de mulheres, homossexuais e negros.
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Mas, de novo, a pouca representatividade das mulheres a incomodava. “Era desanimador, porque os poemas delas não deixavam nada a desejar em relação aos deles. Mesmo assim, as meninas tinham receio de se mostrar”, comenta. “E era triste ver como as próprias mulheres estavam mais habituadas a votar em homens”, completa, referindo-se ao júri popular, que decide quem leva o troféu.
- Avaliação das poesias
"Há variações no modo como é formado o júri, mas, geralmente, são “pescados” na plateia espectadores de diferentes perfis para avaliar cada poeta com uma nota de 0 a 10, baseando-se na força das estrofes e da performance.
. Tema: Deus
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Ingrid Martins, 21 anos, cabeleireira e designer, ganhou na final da Slam das Minas-SP, em outubro, que CLAUDIA acompanhou. A plateia, com 650 pessoas, vibrou com seu poema que, com base em um diálogo com Deus, questiona a maneira como ele é representado."
. Racismo
"Mais do que criticar o racismo, escancara as dores deixadas por ele. “Para mim, escrever é uma questão de alívio”, conta Ingrid. “Pode ser um poema sobre a truculência da polícia militar ou sobre o amor impossível. De qualquer modo, trata-se de uma forma de botar meu sentimento para fora.” A emoção está com essas poetas. E o empoderamento também."
- Motivação
"“Escrever poesia é falar da sua subjetividade máxima, se expressar em todas as suas vontades mais secretas”, afirma Giulia. “E tem o mérito de tocar em lugares profundos dentro da gente. Por isso, merece ser escrita por qualquer pessoa que desejar e também ser lida, no cotidiano, em casa ou no metrô.”
---------------- Matéria na íntegra:
Pelo link:
Revista Claudia
http://claudia.abril.com.br/noticias/slam-batalha-de-poesia/
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