segunda-feira, 18 de junho de 2018

Livro traz peculiaridades da experiência autonomista no México

Via Pedro L.:

"“Visitei dois caracóis. É uma estrutura que viabiliza o exercício concreto da autonomia: um poder paralelo, ou melhor, um ‘antipoder’, que substituiu as agências estatais expulsas do território. Essa forma de organização, que deve muito à cosmovisão tradicional indígena, possibilita que as pessoas decidam diretamente sobre tudo o que afeta suas vidas: o que vai ser ensinado nas escolas, o tipo de atendimento oferecido nos postos de saúde, a segurança ou a boa convivência nas comunidades”, disse Alkmin.

Apesar de se estruturar como um sistema complexo de autogestão e controle territorial, uma pintura mural da região parece expressar de maneira simples e direta o princípio que norteia a organização dos caracóis. Em meio a uma natureza benigna, um caracol multicolorido, com a cabeça coberta pela máscara do EZLN, afirma: “Lento, pero avanzo” (“Devagar, porém avanço”).

Nas cinco zonas autônomas, as autoridades do poder estatal foram substituídas pelas “Juntas de Bom Governo”, compostas de 10 a 15 pessoas, eleitas pelas comunidades de base a partir de alguns princípios. Entre eles: prestação de contas, cumprimento das deliberações das assembleias e revogação do mandato em qualquer tempo, caso as expectativas das comunidades não estejam sendo atendidas.

“Essas assembleias discutem todos os assuntos de interesse da comunidade. Seu tempo não é o tempo apressado da sociedade capitalista moderna, mas o tempo alongado da sociedade tradicional indígena. Uma assembleia pode durar vários dias. As pessoas discutem, comem, dormem, e voltam a discutir, procurando sempre soluções de consenso” "

Fonte: Jornal da USP
Link:
https://jornal.usp.br/ciencias/livro-investiga-peculiaridades-da-experiencia-autonomista-no-mexico/


Reportagem na íntegra: __________________

Livro traz peculiaridades da experiência autonomista no México

Obra resulta de pesquisa sobre o movimento zapatista realizada junto às populações indígenas de Chiapas
Por  - Editorias: Ciências
14.06.2018

Obra resultou de pesquisa sobre o movimento zapatista realizada junto às populações indígenas do Estado de Chiapas – Foto: Fábio Márcio Alkmin via Agência Fapesp
Quase um quarto de século depois do levante armado do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), a experiência de autonomia territorial, política e cultural perdura no Estado mexicano de Chiapas, servindo de baliza para outros projetos autonomistas, no México ou no exterior. 

Ao longo desse período, a estratégia política original das chamadas Forças de Libertação Nacional (FLN), instaladas na Selva Lacandona desde 1983, foi profundamente transformada na interação com as populações indígenas locais, pertencentes a cinco etnias do tronco maia. E, da síntese entre um modelo teórico de inspiração marxista-leninista, que previa a organização popular para a tomada do poder de Estado, e a cosmovisão indígena, que buscava justamente a descentralização desse poder em favor das comunidades, resultou uma forma bastante peculiar de estar e agir no mundo.    

O assunto é objeto do livro Por uma geografia da autonomia (Editora Humanitas, 2018), de Fábio Márcio Alkmin. Resultado do trabalho de mestrado de Fábio, conduzido no Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e orientado por Rodrigo Ramos Hospodar Felippe Valverde, o livro recebeu auxílio da Fapesp para publicação. 

“Desenvolvi o estudo entre 2011 e 2015, com apoio da Fapesp. Na ocasião, permaneci seis meses no México: três na Universidad Nacional Autónoma de México (Unam) e três em Chiapas. Em Chiapas, visitei comunidades e pude observar de perto a vida dos moradores”, disse o autor à Agência Fapesp.

Chiapas é o Estado mais pobre do México, com grande porcentual de população indígena. Nele, a autonomia zapatista constituiu-se em territórios descontínuos, estruturando-se, de baixo para cima, em comunidades, municípios e zonas autônomas – todos pautados pelo princípio de “mandar obedecendo”. 
Chiapas é o Estado mais pobre do México, com grande porcentual de população indígena – Foto: Fábio Márcio Alkmin via Agência Fapesp
A centralidade administrativa, política e cultural de cada zona autônoma é dada pelo chamado “caracol”. São cinco zonas autônomas e, portanto, cinco “caracóis”, que se encarregam da mediação de conflitos e do gerenciamento de um sem-número de atividades: hospedagens para zapatistas e visitantes, cozinhas coletivas, mercearias, galpões, escritórios com internet, oficinas para consertos, quadras de esportes, cooperativas e, em alguns casos, rádios comunitárias, clínicas de saúde e escolas.

“Visitei dois caracóis. É uma estrutura que viabiliza o exercício concreto da autonomia: um poder paralelo, ou melhor, um ‘antipoder’, que substituiu as agências estatais expulsas do território. Essa forma de organização, que deve muito à cosmovisão tradicional indígena, possibilita que as pessoas decidam diretamente sobre tudo o que afeta suas vidas: o que vai ser ensinado nas escolas, o tipo de atendimento oferecido nos postos de saúde, a segurança ou a boa convivência nas comunidades”, disse Alkmin.

Apesar de se estruturar como um sistema complexo de autogestão e controle territorial, uma pintura mural da região parece expressar de maneira simples e direta o princípio que norteia a organização dos caracóis. Em meio a uma natureza benigna, um caracol multicolorido, com a cabeça coberta pela máscara do EZLN, afirma: “Lento, pero avanzo” (“Devagar, porém avanço”).
Nas cinco zonas autônomas, as autoridades do poder estatal foram substituídas pelas “Juntas de Bom Governo”, compostas de 10 a 15 pessoas, eleitas pelas comunidades de base a partir de alguns princípios. Entre eles: prestação de contas, cumprimento das deliberações das assembleias e revogação do mandato em qualquer tempo, caso as expectativas das comunidades não estejam sendo atendidas.

“Essas assembleias discutem todos os assuntos de interesse da comunidade. Seu tempo não é o tempo apressado da sociedade capitalista moderna, mas o tempo alongado da sociedade tradicional indígena. Uma assembleia pode durar vários dias. As pessoas discutem, comem, dormem, e voltam a discutir, procurando sempre soluções de consenso”, disse Alkmin.
No fundo, o que se busca é o exercício concreto da autodeterminação. Seguindo uma orientação formulada pelo próprio Emiliano Zapata (1879-1919) no curso da Revolução Mexicana (1910-1920, aproximadamente), o EZLN guardou suas armas, mas não as depôs. 
“A ideia marxista-leninista de tomada revolucionária do poder de Estado foi, porém, profundamente ressignificada na interação dos intelectuais da FLN com a população indígena. E resultou no lema ‘Nada para nós. Tudo para todos’. As pessoas não querem tomar o poder de Estado, nem impor aos outros grupos indígenas ou à população mexicana o que eles devem fazer. Mas viver como acham que devem viver. E respeitar que cada um, à sua maneira, também possa fazer o mesmo. É a ideia de que, no mundo, cabem muitos mundos”, disse o geógrafo. 

O estudo foi desenvolvido entre 2011 e 2015, com apoio da Fapesp – Foto: Fábio Márcio Alkmin via Agência Fapesp
Uma preocupação dos zapatistas foi evitar o isolamento a que o próprio confinamento territorial poderia levar. Por isso, eles foram um dos primeiros movimentos a fazer uso da internet para se comunicar com o mundo e veicular seus comunicados, ainda em 1994. Uma iniciativa, ocorrida entre 2013 e 2016, foi a criação das chamadas Escuelitas Zapatistas (Escolinhas Zapatistas), por meio das quais pessoas do mundo inteiro foram convidadas para conhecer in loco o processo de autonomia.

Foto: Reprodução/Editora Humanitas
Outra iniciativa – bem recente – foi o encontro de mulheres zapatistas com mulheres da sociedade civil mexicana e internacional, que aconteceu em março de 2018. “Eles têm um grande interesse em mostrar ao mundo o que estão fazendo. Quando estive lá, me atribuíram a função de observador internacional de direitos humanos”, disse Alkmin. 

“As cinco etnias falam línguas diferentes e utilizam o espanhol para poderem se comunicar nas assembleias. Em termos formais, a instância superior de organização político-militar do EZLN é o Comitê Clandestino Revolucionário Indígena – Comandância Geral, responsável por articular a complexa rede das cinco Zonas Autônomas Zapatistas. Trata-se de uma estrutura herdada no contexto da guerra de 1994, que perdeu parte de suas funções políticas depois do cessar-fogo e da horizontalização do processo decisório, quando se estabeleceu, com muita força, a ideia de que o impulso principal venha realmente de baixo, isto é, das próprias comunidades indígenas”, prosseguiu.

No curso desse processo, o subcomandante Marcos, supostamente um ex-professor da Unam, procurou assumir papel mais discreto. Ele sempre evitou centralizar as atenções e por várias vezes afirmou que estava subordinado às decisões das bases do movimento. Mesmo assim, sua figura armada e encapuzada, compondo a imagem de uma espécie de Che Guevara com um toque de mistério, tornou-se um ícone do movimento zapatista, com forte apelo midiático. 

Para sair de evidência, Marcos fez uma declaração retórica, dizendo que o subcomandante Marcos havia morrido e que ele era agora o indígena Galeano, efetivamente morto em um confronto com os inimigos do movimento. Marcos se despiu da persona algo romântica do subcomandante para assumir a persona de Galeano. E transferiu a subcomandância para Moisés, indígena zapatista que atualmente é o porta-voz do movimento. “O gesto, altamente simbólico, expressa bem a perspectiva de poder zapatista: descentralizada, autônoma e despersonalizada”, disse Alkmin.

Embora economicamente periférico, o Estado de Chiapas possui importância estratégica. Em uma área correspondente a nove vezes a da Região Metropolitana de São Paulo, o Estado concentra os rios mais caudalosos do México e 30% de toda a água superficial do país. Graças à sua riqueza hídrica, responde por 60% do total da energia hidroelétrica consumida em território mexicano. É também uma área muito rica em biodiversidade. E a região que conecta a América do Norte com a América Central, na fronteira do México com a Guatemala.
O livro pode ser adquirido no site da Editora Humanitas.
José Tadeu Arantes  / Agência Fapesp

quarta-feira, 13 de junho de 2018

A Associação brasileira dos caminhoneiros nao apóia intervenção militar

Atenção

SOBRE OS PEDIDOS DE INTERVENÇÃO MILITAR:

ALERTA URGENTE!!!! – DIA 27/05/18 ÀS 13:20

Caminhoneiros, bom tarde!!! Estou observando que a maioria dos participantes dessa grande e única manifestação E NUNCA VISTA EM NOSSO PAÍS, proclamam por uma Intervenção Militar já!!! E confesso que estou muito assustado com essa posição. Então eu pergunto a todos esses que clamam por uma intervenção militar: - Vocês sabem o que é uma Intervenção Militar????

Em países onde vigora o Estado Democrático de Direito que o caso do BRASIL, algo como uma “intervenção militar” em que acontece o uso do poder das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) só pode ocorrer sob ordem dos poderes constituídos, isto é, dos conselhos formados por membros do Poder Executivo e do Poder Legislativo e com a devida supervisão do Poder Judiciário. No Brasil, as intervenções militares, segundo a Constituição Brasileira de 1988, só podem efetivar-se legalmente em três casos específicos:
1) intervenção federal;
2) Estado de Defesa;
3) Estado de Sítio.

Então pessoal, não podemos clamar por uma Intervenção Militar, esse pedido está equivocado e não será o remédio apropriado para a nossa situação.

Devemos tomar cuidado com o que estamos postando, porque numa intervenção militar os mesmos personagens continuaram no poder e penso que o povo quer mudar justamente isso, tirar esses hipócritas do poder agora. Não é isso mesmo que todos nós almejamos pessoal????

Se vocês querem saber o General Villas Boas está reunido neste momento na sala do Alto-Comando do exército (27/05), sob a coordenação do Ministro da Defesa e com a presença dos comandantes das Forças e outros militares, para uma vídeo-conferência com os responsáveis por áreas de atuação na solução da “greve dos caminhoneiros”.

Isso quer dizer que se for necessário as forças armadas por decisão do governo intervirão em favor da ordem a pedido do presidente da república e aí pergunto a todos: - é isso que estamos querendo???

Vamos pensar um pouco nisso!!!

Fonseca – Presidente da ABCAM

https://www.facebook.com/abcambrasil/posts/2145202839033313

segunda-feira, 14 de maio de 2018

CRONOLOGIA DO GOLPE

CRONOLOGIA DO GOLPE:
2007 - Descoberta do pré-sal, estimada em 20 trilhões de reais.
2008 - Derrocada do modelo capitalista e prejuízo de 22 trilhões de dólares aos estados.
2009 - começo obscuro e desconhecido da lava a jato com orientação dos EUA.
2010 - Lula paga toda a divida externa brasileira e acaba com o dinheiro fácil para os bancos estrangeiros.
2010 - Crise do Euro e inicio da quebra de vários países europeus.
2009-2012 - discussões e votação do marco do pré-sal totalmente nacional e verba para educação.
2012-2013 - Espionagem da NSA sobre a presidenta Dilma e os principais diretores da petrobras.
2013 - Dilma derruba a taxa basica de juros Selic para o menor patamar da história: 7,25%.
2013 - IBGE registra pela primeira vez o pleno emprego no Brasil, ou seja, menos de 5% de desempregados. (4,75%).
2013 - passeatas contra o "governo" fazem cair a aprovação de dilma de 80% para 40% em menos de 3 meses.
2014/mar - primeira fase da lava a jato.
2014/out - Reeleição Dilma
2014 - criação das facções: MBL / Vem Pra Rua / Revoltados online / Nas Ruas.
2014-2015 - Eduardo Cunha paralisa o congresso e impede Dilma de governar.
2015 - Dada a incerteza política empresários param de investir, mídia cria e alimenta a narrativa da crise.
2015/set - PEC da bengala impede dilma de indicar novo membro para o STF.
2016 - lava a jato ataca o núcleo do partido no poder.
2016 - impeachment de Dilma, STF se cala.
2017 - morte de Teori Zavascki/indicação de tucano para o STF, mudança no marco regulatório do pre-sal, fim da previdência, das leis trabalhistas, da educação universal e do SUS, fatiamento e venda da Petrobras.
2017 - comandante militar moderado sofre com problemas de saúde e sinaliza que vai se afastar. Linha dura cotada para assumir.
2017/maio - Projeto de lei adiando eleições (possivelmente) para 2020.
2017/maio - exercicios militares "conjuntos" entre Brasil e EUA na amazônia.
2017/abril-maio - prisões de manifestantes pelo brasil afora, chacinas de índios, ataque a lideranças sindicais."

Fernando Horta - Professor de História da UnB

domingo, 13 de maio de 2018

O Período Sensório-Motor de Piaget

O Período Sensório-Motor de Piaget

Helem Soares de Menezes
Julho, 2012

Introdução

O ser humano tem uma capacidade cognitiva única no mundo. É ela que nos distingue dos outros animais, que nos faz perceber essa distinção, que nos dota da capacidade de comunicação, que nos dá subsídios para (tentar) entender o mundo. Mas como adquirimos essa inteligência? Como desenvolvemos essa inteligência, que desde bebês nos faz distintos dos outros animais?
É sabido que os primeiros anos de vida são fundamentais no desenvolvimento do ser humano. Essa concepção iniciou cientificamente apenas no começo do século XX, com os estudos da criança e do comportamento infantil. Desde então, vem-se estabelecendo uma série de pesquisas sobre diferentes aspectos da vida psíquica da criança, do seu desenvolvimento e da concepção de inteligência (e da formação dessa inteligência) na criança.
Um importante teórico do desenvolvimento, Jean Piaget, preocupou-se bastante com a questão de como o ser humano elabora seus conhecimentos sobre a realidade, como acontecem os processos de pensamento. Seus estudos trouxeram como consequência um avanço enorme do que hoje se denomina psicologia do desenvolvimento.
Piaget sustenta que o conhecimento procede de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas, existindo uma relação de interdependência entre o próprio indivíduo, o objeto e o meio em que está inserido, buscando sempre um equilíbrio com relação a esse meio. O ser humano, desde bebê, é ativo em seu crescimento, com seus próprios padrões de desenvolvimento.
O seu estudo da gênese psicológica do pensamento humano, que procura distinguir as raízes das diversas variedades de conhecimento a partir de suas formas mais elementares, e acompanhar seu desenvolvimento nos níveis subsequentes até, inclusive, o pensamento científico, foi o que chamou de epistemologia genética.
Os métodos utilizados por ele incluíam questionário, entrevistas e até mesmo a observação de crianças e dos seus próprios filhos. E ao acompanhar o desenvolvimento do ser humano, Piaget concebeu períodos ou estágios no crescimento do ser humano, que trazem novas formas de organização mental, qualitativamente diferentes e que possuem complexidades crescentes e sucessivas.
E todas as etapas começam com o nascimento. Este artigo tem como objetivo descrever o que Piaget definiu como a aquisição da inteligência no período inicial de desenvolvimento do ser humano, o período sensório-motor.

O Período Sensório-Motor

Piaget denominou o estágio que vai desde o nascimento até 2 anos de vida da criança como período sensório-motor. Utilizou essa denominação pois é durante os primeiros anos de vida que o bebê primeiramente percebe o mundo e atua nele, onde coordena as sensações vivenciadas junto com comportamentos motores simples, juntando o sensorial a uma coordenação motora primária. O bebê tem sensações e descobre o mundo através do deslocamento de seu corpo. Há uma interdependência em perceber o mundo e atuar nesse mundo.
Nesse período, os bebês desenvolvem a capacidade de reconhecer a existência de um mundo externo a eles, tendo autonomia para explorá-lo e construir sua percepção de mundo. Passam a agir não mais apenas por reflexo, mas direcionam seus comportamentos tendo objetivos a alcançar. É subdividido em 6 subestágios:
1ª subestágio: Vai do nascimento até aproximadamente 1 mês e meio de vida. Os reflexos inatos, ao serem exercitados, vão sendo controlados e coordenados pelos neonatos. Os autores Cole & Cole (2003) citam que Piaget acreditava que os reflexos presentes no nascimento proporcionavam a conexão inicial entre os bebês e seus ambientes. Contudo, esses reflexos iniciais não acrescentavam nada de novo ao desenvolvimento, pois sofrem muito pouca acomodação. Assim, eles refletem os limites provenientes de nossa herança genética.
Segundo Piaget (1977, apud COLE & COLE, 2003) “poder-se-ia dizer que a lei básica da atividade psicológica desde o nascimento é a busca pela manutenção ou repetição de estados de consciência interessantes“ o que consistiria, então, numa primeira evidência de desenvolvimento cognitivo.
Essas relações circulares nos meses iniciais de vida propiciam o desenvolvimento tanto da diferenciação, que se refere à capacidade do bebê de diferenciar objetos (como quando aprendem que certos objetos podem ser sugados, e outros não), quanto da integração, característica do bebê que permite uma coordenação com as duas mãos como quando seguram um brinquedo com uma mão, e o braço da mãe com a outra. (COLE & COLE, 2003)
Nos primeiros meses de vida, o bebê não possui a capacidade de entender a permanência do objeto, que é a capacidade de assimilar que objetos continuam a existir mesmo quando não estão no campo visual da criança ou quando não podem ser manipulados por ela. Em A construção do real pela criança (1996), Piaget descreve que, inicialmente, no conjunto das impressões que a criança tem de mundo, ela reconhece e distingue certos grupos estáveis, denominados de quadros. Quando não percebe um objeto ou pessoa nesse quadro, a criança ainda não tem maturidade para entender que os objetos continuam a existir, mesmo quando não estão presentes.
2º subestágio: vai de aproximadamente 1 mês e meio até 4 meses. Nesse subestágio, a criança, depois de executar por acaso uma ação que provoca uma satisfação, passa a repetir essa mesma ação repetidas vezes, o que é chamado de reação circular. Durante esses primeiros meses de vida, em que o objeto de manipulação é o próprio corpo do bebê, esse comportamento é chamado de reação circular primária (como quando a criança suga o polegar, primeiro num movimento aleatório, e depois repete essa ação, em vista da satisfação que gera na criança). É nessa etapa que os bebês também começam a atentar para os sons, demonstrando capacidade de coordenar diferentes tipos de informações sensoriais, como visão e audição, e a coordenar seu universo visual com o tátil.
Piaget (apud PAPALIA et al, 2006) afirma que, através da coordenação de informações visuais e motoras, os bebê vão desenvolvendo o conhecimento sobre o meio que o cerca, objetos e espaço, vendo os resultados de suas próprias ações. Primeiramente, esse conhecimento limita-se àquilo que está ao seu alcance. Com a chegada da autolocomoção, aí sim os bebês poderão se aproximar de um objeto, para então avaliá-lo e comparar sua localização com a de outros objetos.
3º subestágio: vai de 4 a 8 meses. É durante esse período que as reações circulares do bebê passam a ser secundárias, ou seja, o foco da ação é externo ao bebê, como quando a criança descobre um brinquedo e o utiliza para brincar.
Nessa fase os bebês dirigem sua atenção ao mundo externo, tanto aos objetos quanto para os resultados de suas ações. As reações circulares secundárias também são aplicadas às vocalizações, em que o bebê emite sons que são selecionados pelos pais, ao reforçarem a emissão dessas vocalizações.
Cole & Cole (2003) citam que essa mudança de reações circulares primárias para secundárias indicou a Piaget que os bebês estão começando a entender que os objetos são mais do que extensões de suas próprias ações. Mas não possuem ainda noção definida do espaço à sua volta, descobrindo o mundo muitas vezes em ações acidentais.
4º subestágio: Vai aproximadamente de 8 a 12 meses. Nessa fase, há um desenvolvimento na coordenação das reações circulares secundárias. Assim, o bebê já possui maior controle sobre a manipulação do meio externo, e conduz ações voltadas a um objetivo, ou seja, tem intencionalidade em seus atos. As crianças então conseguem coordenar esquemas elementares para conseguir algo que eles querem.
É nesse período que a criança desenvolve melhor a noção de permanência do objeto, procurando ativamente objetos desaparecidos, por exemplo, utilizando da preensão para afastar algum objeto que esteja escondendo aquilo que o bebê quer. Cole & Cole (2003) escrevem que Piaget defendia que até o subestágio 4, os bebês são totalmente desprovidos da permanência do objeto e por isso não podem manter na mente objetos ausentes. Consequentemente eles experimentam o mundo dos objetos como um fluxo de quadros descontínuos, que estão sendo constantemente aniquilados e reanimados.
A criança, aqui, já é capaz de comportar-se deliberadamente, dotada de intencionalidade, e desenvolvem essa capacidade à medida que vão coordenando esquemas previamente aprendidos e a usar comportamentos anteriormente aprendidos para atingir seus objetivos (como engatinhar pela sala para pegar um brinquedo), podendo inclusive antecipar acontecimentos. (PAPALIA et al, 2006)
5º subestágio: ocorre entre 12 a 18 meses, aproximadamente. Nessa fase, os bebês apresentam reações circulares terciárias, em que testam ações a fim de obter resultados parecidos, ao invés de apenas repetir movimentos que trouxeram satisfação. Há uma interação das reações primária e secundária, existindo então um foco nos objetos e no próprio corpo. Cole & Cole (2003) diferenciam as reações circulares terciárias das secundárias por conta do caráter de tentativa e erro da primeira, enquanto as reações circulares secundárias envolvem apenas esquemas anteriormente adquiridos.
Nesse período há o início do desenvolvimento do pensamento simbólico, em que a criança realiza imagens mentais, ou seja, a capacidade de representar simbolicamente uma realidade mentalmente.
6º subestágio: último estágio, o das representações, que vai de 18 a 24 meses. Há o domínio da permanência do objeto, ou seja, há representação dos objetos ausentes e de seus deslocamentos. A representação, ou seja, a capacidade de representar mentalmente objetos e ações na memória, principalmente através de símbolos (incluindo os numerais), significa dizer que os bebês conseguem representar o mundo para si mesmos, envolvendo-se, portanto, em ações mentais reais. (COLE & COLE, 2003; PAPALIA et al, 2006)
Os autores afirmam, também, que a capacidade de manipular símbolos proporciona à criança ampliar suas percepções e experiências, não estando mais limitadas a experiências imediatas, apenas ao seu alcance. Elas já são capazes de imitação diferida, ou seja, reproduzir uma ação mesmo quando não está mais à sua frente. Surge o “faz de conta”, pensam antes de agir, têm compreensão de causa e efeito, podendo então resolver problemas.
Esse subestágio é uma transição para o estágio pré-operacional da segunda infância. O ponto final do desenvolvimento sensório-motor é a capacidade de retratar o mundo mentalmente e pensar sobre ele sem ter de recorrer à tentativa e erro.

Fonte: https://psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/o-periodo-sensorio-motor-de-piaget © Psicologado.com

Fonte: Psicologado
Link: https://psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/o-periodo-sensorio-motor-de-piaget

Ejaculação feminina

Conferir veracidade

(EJACULAÇÃO FEMININA) (Squirt) (Cyprina) #Anatomia #GlândulaSkene #GlândulaBartholin

Alou meninas, qro compartilhar essa info com vcs! Sobre EJACULAÇÃO FEMININA. Muitos tabus sobre nosso corpo q nem ficamos sabendo do que somos capazes de fazer, já que o prazer feminino nunca foi prioridade da ciência e sim apenas a capacidade de procriar. Deixo aí informações atualizadas e referências:

Glândulas de Skene e Bartholin

Glândula de Bartholin:
A genitália feminina apresenta dois conjuntos de glândulas que contribuem para a lubrificação vaginal: um conjunto localizado na entrada do canal da vaginal, que é constituído principalmente pela glândula de Bartholin (ou glândulas vestibulares maiores)  com o auxilio da glândula de Skene que contribui com a secreção de uma substância mucóide, o outro conjuntos de glândula localizada na entrada do útero. Entretanto as glândulas não são capazes de promover uma lubrificação plena para que ocorra a relação sexual de modo confortável, o principal componente da lubrificação é o plasma sanguíneo que atravessa o epitélio do canal vaginal quando esse é distendido.

Glândulas de Skene:
Glândulas de Skene (oficializadas por Alexander Skene), também chamadas de “glândulas vestibulares menores”, “glândulas parauretrais” ou então de “próstata feminina” estão localizadas na parede superior da vagina e em torno da extremidade inferior da uretra. As glândulas são feitas das mesmas células que a próstata masculina (glândula exócrina que faz parte do sistema genital masculino, cuja função é produzir e armazenar um fluido que constitui de 10 à 30% do volume do fluido seminal) e são o que se pensa produzir o fluido ejetado na ejaculação feminina.

As glândulas drenam tanto na uretra como perto da abertura da uretra, e estão cercadas por tecido que inclui uma parte do clitóris que se estende para dentro da vagina, que se incha com sangue durante a excitação sexual, produzindo um tipo diferente de orgasmo, frequentemente conhecido como “o orgasmo do ponto G”.

O interminável debate a respeito da ejaculação feminina, se realmente existe, entre outras questões, foi discutido no artigo de Emanuele Janini, de 2002, segundo o qual ela descobre que há expressões anatômicas altamente variáveis das glândulas de Skene, sendo essas glândulas inteiramente perdidas em algumas mulheres (ou seja, algumas mulheres podem simplesmente não possuir). Isso significa que se as glândulas Skene causam ejaculação feminina e “orgasmos do ponto G” e algumas mulheres não fazem ideia do que isso é, uma diferença anatômica pode ser o motivo.

O fluido produzido pelas glândulas Skene é muito similar em composição ao fluido prostático, incluindo proteínas e enzimas específicas (Proteína Humana 1 e PDE5). As glândulas – a próstata masculina e a de Skene – parecem operar de forma muito similar quando examinadas de perto. É por isso que os pesquisadores agora estão começando a chamar as glândulas de Skene de próstata feminina.

A próstata feminina existe, mas bizarramente, a maioria dos diagramas da anatomia reprodutiva feminina não inclui a próstata feminina e você pode ser perdoado por pensar que não existe. Como antes mencionado, problematicamente em algumas mulheres na verdade não existe, complicando um pouco a questão.

Implicações Clínicas:
A próstata feminina é importante clinicamente por várias razões. O primeiro é que pode ser a origem de infecções e câncer. Além disso a infecção por HIV pode ocorrer aqui.

História e Descoberta:
A próstata feminina foi reconhecida pelo anatomista Regnier de Graaf por volta de 1672. Em 1880, Alexander Skene voltou a atenção para essas glândulas e dutos, e é por isso que essas glândulas são chamadas de glândulas/dutos de Skene. Há uma mudança para se referir a estas glândulas como a próstata feminina, já que é o termo preciso para elas.

No documentário “Clitóris: Prazer Proibido” é mencionado que a maior parte dos livros de anatomia não contém aspectos já reconhecidos cientificamente da vagina. Esse talvez seja o motivo pelo qual não ouvimos falar de Glândulas Skene ou Bartholin na escola, nas aulas, ou nem mesmo vemos em livros renomados de anatomia.

Historicamente, alguns pesquisadores tem questionado se as glândulas de Skene realmente existem, e aqueles que aceitaram sua existência ainda debatem quais papéis eles desempenham na excitação, orgasmo e ejaculação feminina. Outra questão ainda a ser respondida é se elas desempenham alguma influência/parte na disfunção sexual em mulheres.

A controvérsia sobre a existência e a função da glândula é semelhante à que envolve o ponto G. Estudos de pesquisa produziram evidências tanto para e contra a existência desse ponto, que se diz estar localizado dentro da vagina, na parede superior. As mulheres que relatam ter orgasmos no ponto G tendem a ser mais propensas a experimentar a ejaculação. Isso sugere que pode haver uma ligação física entre o ponto G e a glândula de Skene, mas, em gral, o corpo de pesquisa é considerado por muitos profissionais médicos como inconclusivos.

Glândula de Skene: https://www.allthingsvagina.com/skenes-glands/ (texto traduzido e adaptado); http://www.wisegeek.org/what-is-skenes-gland.htm; https://www.invitra.com/things-you-didnt-know-about-the-female-ejaculation/
Glândula de Bartholin: https://pt.wikipedia.org/wiki/Gl%C3%A2ndula_de_Bartholin; http://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/mulheres-ja-ouviram-falar-das-glandulas-de-bartholin/
Informações adicionais: https://en.wikipedia.org/wiki/Vaginal_lubrication; https://www.newscientist.com/article/dn21740-yes-yes-no-g-spot-finding-fails-to-convince/;  https://en.wikipedia.org/wiki/Skene%27s_gland; https://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%B3stata

segunda-feira, 23 de abril de 2018

José Sócrates
Comentarista português fala sobre a prisão ilegal de Lula. Vai contra a presunção de inocência prender alguém com trânsito indo julgado, cujo processo ainda não foi julgado.

Link do vídeo:
https://www.facebook.com/azul.casu/posts/1684756041593047
"Meu olho dana a brilhar
(...)

Fico algum tempo perdido
Até me recuperar
Quase sem acreditar
Se tudo teve sentido

(...)

Nada que existe é mais forte
E eu quero aprender a medida
De como compor a minha vida
Que é para eu compor a minha morte"

Paulo César Pinheiro